A revisão em baixa das previsões para a economia portuguesa deve-se a uma "correção imposta pelo contexto europeu" e não a fatores internos, disse o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, esta sexta-feira, em Viena.
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"Hoje de manhã, a Comissão Europeia divulgou novas previsões para todo o espaço da União Europeia", disse Passos Coelho durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro austríaco, Werner Faymann. "E, em todo o espaço europeu, essas previsões são mais modestas e recessivas que as disponíveis no final do ano passado."
A Comissão Europeia prevê que a recessão portuguesa em 2013 seja quase o dobro do estimado inicialmente: uma contração de 1,9%, em vez de 1%. A taxa de desemprego deve chegar a 17,3% e o défice das contas públicas deve derrapar em 2013 e 2014.
"Como creio que, como [o eurocomissário dos Assuntos Monetários] Olli Rehn terá afirmado, isso advém de um segundo semestre e em particular de um último trimestre de 2012 com um desempenho económico mais negativo que o esperado", afirmou Passos Coelho.
"É essa a razão porque a cada passo se corrigem as previsões. Para Portugal, a correção é imposta pelo contexto europeu. Quer dizer, não há nenhuma razão do ponto de vista da procura interna que implique um comportamento mais negativo da economia."
O primeiro-ministro disse ainda que Bruxelas continua a prever "crescimento positivo" para 2014 em Portugal, e que isso "é importante".
Passos Coelho conclui, esta sexta-feira, uma visita de 24 horas a Viena. Para além de um encontro com o chanceler austríaco, Werner Faymann, o governante português vai ainda encontrar-se com o presidente federal da Áustria, Heinz Fischer.
Em Portugal, numa curta conferência de imprensa no Ministério das Finanças, o secretário de Estado das Finanças, Manuel Rodrigues, argumentou no mesmo sentido, sempre com o "agravamento das previsões relativas a alguns indicadores macroeconómicos para toda a área do euro", não fazendo referência a consequências advindas da estratégia que está a ser aplicada a nível nacional.
"Não estamos desligados do que se passa na economia europeia. A velocidade da nossa recuperação sempre esteve ligada à recuperação da economia europeia", afirmou Manuel Rodrigues.
O mais recente governante do Ministério das Finanças optou ao invés por apontar o que consideram pontos positivos, como é o ajustamento do saldo conjunto das balanças corrente e de capital, que o desemprego vai começar a descer no próximo ano (sem comentar o forte agravamento esperado por Bruxelas) e a perspetiva de melhoria de condições de financiamento à economia.
"Será razoável conjeturar que a Comissão Europeia poderá recomendar ao Ecofin o alargamento do prazo de ajustamento até 2015. Portugal beneficia de acumular de confiança e credibilidade, que de alguma forma permite que a Comissão Europeia possa pedir junto ao Ecofin" a alargamento do prazo, afirmou Manuel Rodrigues, reproduzindo o que foi dito pelo ministro das Finanças na Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública na quarta-feira.
O governante admitiu que o processo "tem sido mais duro que aquilo que era esperado para os portugueses" mas que tal irá surtir o efeito pretendido.