O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, garantiu que o inquérito que ordenou aos Serviços de Informação da República não tem nada a ver com o chamado 'caso Bairrão', como sugeriu o secretário-geral do PS, António José Seguro.
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No debate quinzenal com o primeiro-ministro na Assembleia da República, António José Seguro afirmou que há "demasiadas dúvidas e pouco esclarecimento" em relação ao 'caso Bairrão', referindo-se ao alegado pedido de investigação àquele ex-administrador da TVI.
Pedro Passos Coelho negou "categoricamente" ter ordenado uma investigação a Bairrão, quando este estava na lista de possíveis secretários de Estado. "Para o Governo, não há nenhum 'caso'. O doutor Bairrão foi dado como putativo secretário de Estado e não o foi", afirmou o primeiro-ministro.
António José Seguro respondeu que "se estivesse tudo esclarecido, o primeiro-ministro não tinha mandado abrir um inquérito sobre essa matéria". Passos Coelho afirmou que o líder socialista está a fazer "uma grande confusão".
"O inquérito que ordenei aos serviços de informação da República não foi relacionado com o 'caso Bairrão' mas com notícias que dão conta de que teria havido fugas de informação de responsáveis por esses serviços em 2009 e 2010 e não há qualquer relação entre esse facto e o 'caso Bairrão'", afirmou.
António José Seguro indicou que mesmo que o primeiro-ministro não tivesse mandado investigar, o Parlamento "tomou iniciativas para proceder a um esclarecimento sobre essa matéria" e que os deputados do PS "utilizarão todos os instrumentos parlamentares à sua disposição".
Pedro Passos Coelho afirmou que não permitirá que "se prolonguem na praça pública especulações sobre fugas de informação" e que o seu Governo "só vê vantagem" em que os deputados possam fazê-lo nos mesmos termos através do Parlamento.
"Se todos usarmos os poderes ao nosso alcance para saber o que se passou no passado sobre o funcionamento dos serviços de informação da República, todos estaremos a fazer um bom serviço a Portugal", argumentou, recusando que Seguro queira associar isso, "com um passe de mágica", ao "seu 'caso Bairrão'".
Segundo avançou o semanário "Expresso" nas últimas semanas, o ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) Jorge Silva Carvalho terá passado informações para a empresa Ongoing antes de abandonar a chefia dos serviços, em Novembro de 2010, e referiu um suposto relatório sobre a relação de José Eduardo Moniz (vice-presidente da Ongoing) e de Bernardo Bairrão (ex-administrador da Media Capital, convidado para integrar o novo Governo) com a TV Zimbo em Angola.
Ainda segundo o jornal, o Governo acabou por retirar o convite que tinha feito a Bairrão para ser secretário de Estado depois de ter pedido informações às secretas sobre o então administrador da Media Capital e de ter recebido o referido relatório, uma informação que o Governo desmentiu de imediato. Quanto a Silva Carvalho, mostrou-se disponível para esclarecer todo este caso no Parlamento.