A pesar de já o ter admitido numa entrevista televisiva, Pedro Passos Coelho é muito mais assertivo no texto da Moção de Estratégia Global que divulgou, na sexta-feira, e com a qual se candidata a renovar o mandato à frente do PSD, no próximo congresso de fevereiro: uma aliança pré-eleitoral com o CDS nas legislativas do próximo ano deve ser avaliada e decorre da convicção do atual primeiro-ministro da necessidade do seu Governo de coligação ser eleito para uma próxima legislatura.
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"É nossa profunda convicção que apenas um Governo liderado pelo PSD pode corresponder a essa determinação, que mantenha o rumo de que o país precisa para consolidar os resultados alcançados e impulsione ainda mais a agenda de mudança já iniciada", lê-se no texto, em que se acrescenta depois que, "neste enquadramento especial, o PSD não exclui que venha a avaliar oportunamente, a possibilidade extraordinária de concorrer a essas eleições em coligação pré-eleitoral com o seu atual parceiro de coligação".
Num texto de 25 páginas, sob o lema "Portugal Acima de Tudo", Passos critica o PS e a falta de colaboração no "processo de reforma estrutural na economia e no Estado", mas insiste em chamar o maior partido da Oposição a assumir compromissos. Prometendo "redobrar o empenhamento" na obtenção desse apoio, propõe-se construir um "memorando de confiança, assente num novo contrato de responsabilidade coletiva", que inclua os socialistas. Reformas que vão continuar no pós-troika, como repete várias vezes, sem adiantar o que acontecerá depois do 17 de maio.
Portugal "deverá junto dos credores oficiais e dos seus parceiros europeus avaliar as condições objetivas que determinarão a melhor solução de transição, sendo por enquanto prematuro fazer qualquer exercício de ponderação". Passos Coelho defende, porém, que compete antes de mais a Portugal "avançar com a definição de uma estratégia de médio prazo que facilite a perceção de menor risco para o país e que facilite a transição para o mercado".
É também com o CDS que pretende promover a revisão do sistema político, que obriga à revisão da Constituição, mas à qual não alude.