O primeiro-ministro disse, este sábado, na Golegã, que "não é possível" aceitar a proposta do PS de cancelar o corte do 13.º ou do 14.º mês nem evitar o aumento do IVA na restauração para os 23%, "pela simples razão de que teria um impacto "muito pesado" nas contas do Estado.
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Pedro Passos Coelho, que visitou a Feira da Golegã na companhia da ministra da Agricultura, Assunção Cristas, reafirmou aos jornalistas que o Governo está "aberto a poder modelar ou ajustar medidas desde que o impacto sobre o défice" seja neutral.
"Se algum partido propuser e o Governo considerar que é aceitável substituir uma despesa por outra ou uma receita por outra, ou no limite substituir alguma despesa que se pensa cortar por alguma receita que se possa obter, mas não desequilibrando esta representação de 2/3 (no corte da despesa) e 1/3 (no aumento da receita), estamos abertos a isso", afirmou.
Passos Coelho sublinhou que o Governo não poderá aceitar "mexer na credibilidade do Orçamento", por ter "uma responsabilidade muito grande para com o país", afirmando que o orçamento, aprovado sexta-feira, na generalidade, no Parlamento, foi "o mais difícil de que há memória em Portugal".
Emissão de mais moeda seria "péssimo sinal"
O primeiro-ministro considerou ainda que a discussão em torno do papel do Banco Central Europeu (BCE) "não traz uma solução para o problema imediato" com que a Europa se confronta e frisou que a emissão de mais euros "seria um péssimo sinal".
Questionado sobre a diferença de posições entre o presidente da República e o Governo sobre o papel do BCE na resolução da crise europeia, Pedro Passos Coelho afirmou não poder haver "divergências" na interpretação sobre o papel do BCE, que "está muito bem descrito" no Tratado de Lisboa.
"O que há é pessoas que entendem que, para o futuro, talvez a Europa pudesse determinar coisas diferentes, pessoas que entendem que devíamos ter um Estado europeu, pessoas que entendem que devíamos ter um ministro das Finanças europeu ou um ministro do Tesouro europeu e por aí fora", afirmou.
No seu entender, essa discussão, actualmente em curso, "não traz uma solução para o problema imediato" com que a Europa se confronta. "Se o BCE tivesse por função resolver o problema dos países indisciplinados, imprimindo mais euros, pura e simplesmente esse seria um péssimo sinal", frisou.