O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou este sábado o Governo por ter enviado para o Parlamento, "pela calada", na sexta-feira, a proposta de Lei para a convergência de pensões entre os setores público e privado.
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"Ontem [sexta-feira], pelas sete da tarde, quando fechava ao fim de semana, pela calada da sexta-feira", é que o Governo entregou na Assembleia da República "a proposta de cortes nas pensões para a administração pública", criticou.
Uma proposta, sublinhou Jerónimo de Sousa, que prevê "cortes brutais sobre quem trabalhou e descontou uma vida inteira", nomeadamente "nas pensões de sobrevivência, particularmente no setor da administração pública".
O secretário-geral do PCP discursava em Montemor-o-Novo, no final de um almoço de apoio à candidatura da CDU à Câmara daquele concelho alentejano nas autárquicas do próximo dia 29, cuja lista é liderada pela atual presidente da autarquia, Hortênsia Menino.
Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa abordou a proposta de Lei do Governo que estabelece a convergência de pensões entre o setor público e o setor privado.
O diploma, aprovado na quinta-feira, em Conselho de Ministros e entregue no Parlamento na sexta-feira, prevê reduzir em 10% as pensões dos funcionários públicos de valor superior a 600 euros.
O líder comunista lembrou hoje que o setor público, o alvo desta medida, também foi "fustigado, recentemente, pelo aumento brutal dos impostos".
A coligação governamental PSD/CDS-PP quer, "de facto, levar ao empobrecimento dos trabalhadores, dos reformados e dos pensionistas, à vez", criticou Jerónimo de Sousa.
"Umas vezes contra os trabalhadores do setor privado, outras vezes contra os trabalhadores da administração pública, mas sempre com a ideia de rebaixar, de puxar para baixo, aumentando o empobrecimento", sublinhou.
Não é, pois, "por acaso, que os relatórios e estatísticas hoje indicam que mais de dois milhões de portugueses já vivem abaixo do limitar da pobreza", frisou.
Para Jerónimo de Sousa, a política do Governo liderado por Pedro Passos Coelho "não é de incompetência, como diz o PS", mas é sim "uma política de grande consciência de classe, ao serviço dos poderosos".
No seu discurso, o líder comunista insistiu na ideia, que já tem deixado noutras ocasiões, de que a 'troika' adiou as oitava e nona avaliações a Portugal para que as respetivas conclusões "não sejam conhecidas dos portugueses antes de dia 29", ou seja, antes das eleições autárquicas.
O mesmo acontece com o Governo, que "procura esconder aquilo que vai estar no conteúdo" da proposta de Orçamento do Estado para 2014, segundo Jerónimo de Sousa.
"Já está definido o montante, já estão definidos os alvos, só falta precisar a forma como vão concretizar esse plano e não o querem dizer antes de dia 29", acusou.