O deputado do PCP Jorge Machado criticou, esta quarta-feira, o que considerou ser o "assalto" do Governo às retribuições de "sobrevivência e viuvez", afirmando que a "linha vermelha" que o executivo não ultrapassa é a "dos interesses dos grandes grupos económicos".
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"O irrevogável, demissionário e agora vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, deu mais uma vez provas na arte da dissimulação e no uso de falsidades e da mentira para enganar. Qual mestre da ilusão, juntamente com a ministra das Finanças, na passada quinta-feira, aquando da apresentação dos resultados da oitava e da nona avaliações da 'troika', anunciou o fim da recessão, o "abrandamento do crescimento do desemprego'", condenou Jorge Machado, em declaração política, no Parlamento.
Para o deputado comunista, "a tal linha vermelha existe", mas "ela nada tem é que ver com os reformados, os trabalhadores e os seus direitos".
"A linha vermelha que este Governo não ultrapassa é a linha dos interesses dos grandes grupos económicos, dos bancos e seus privilégios imorais, das Parcerias Público-Privadas ruinosas para o Estado, dos "swap" [contratos de gestão de risco em empresas com participação estatal] e dos juros agiotas. Nestes interesses é que, efetivamente, não tocam", disse.
O deputado democrata-cristão João Almeida retribuiu, por seu turno, as críticas, argumentando que a oposição efetuou um ato de "dissimulação" e "terrorismo", ao tentar "convencer a opinião pública de que se sabe o desenho concreto de uma medida e as pessoas afetadas".
"Dizer que uma medida não está desenhada, não é mentir. No próximo ano, Estado português pagará 27 vezes mais do que aquilo que cortará em pensões de sobrevivência", declarou o parlamentar do CDS, acrescentando que a decisão "afetará uma pequena minoria dos pensionistas", num corte que será de 100 milhões de um "bolo" de 2700 milhões de euros.
Mariana Aiveca, do Bloco de Esquerda, e Heloísa Apolónia, de "Os Verdes", concordaram com a posição do grupo parlamentar do PCP, considerando tratar-se de "mais um esbulho aos mais frágeis dos frágeis", "um roubo aos pensionistas".
"O Governo anda sempre a atirar areia para os olhos das pessoas", afirmou a deputada ecologista, classificando a atitude do executivo liderado por Passos Coelho e Paulo Portas como "arrogante" e de tentarem "fazer das pessoas, tolas", num elenco em que "a mentira está sempre por trás das costas dos seus membros".