Partido Ecologista Os Verdes foi o primeiro a ter a palavra no último dia de debate no Parlamento sobre o programa do Governo.
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"Quando olhamos para o programa do Governo, não olhamos apenas para o programa eleitoral do Partido Socialista, vemos também muito do programa do anterior governo", disse hoje o deputado ecologista, José Luís Ferreira, no encerramento do debate sobre o programa do Governo, iniciado quinta-feira.
Os Verdes destacam como traço mais significativo do documento a "natureza de continuidade com as políticas do passado".
"Parece até que não houve um acto eleitoral através do qual os portugueses retiraram ao Partido Socialista a maioria absoluta. Parece", disse José Luís Ferreira.
Os deputados do PEV identificam "algumas boas intenções" nas propostas do Governo, mas consideram, depois do debate de mais de oito horas de quinta-feira, que ficou visível "a distância entre o que está escrito e aquilo que o governo e o PS se preparam para fazer".
José Luís Ferreira deu como exemplo o combate à corrupção e criticou a recusa do executivo de criminalizar o enriquecimento ilícito, acusando o Governo de se substituir ao Tribunal Constitucional ao considerar que esta medida implica a inversão do ónus da prova que, acrescentou, "curiosamente, só o PS vislumbra".
O PEV referiu ainda que o programa do Governo volta a apostar, quatro anos depois, no relançamento da economia, enquanto os portugueses "continuam a aguardar com paciência democrática esse relançamento, que demora e demora e demora".
Os deputados ecologistas acreditam ainda que a promessa de garantir uma repartição justa na carga fiscal vai ficar por cumprir, depois de o Governo ter garantido que os benefícios fiscais às grandes empresas são para continuar e condenaram a recusa do Governo de suspender o modelo de avaliação dos professores, perguntando "o que resta então por negociar".