Líder do CDS-PP reage a Francisco Louçã e considera o desaparecimento do contrato de aquisição de dois submarinos "uma história mal contada".
Corpo do artigo
Na Madeira, onde se deslocou no âmbito da campanha para as eleições autárquicas, o líder democrata-cristão reagiu às declarações de Francisco Louçã, que sugeriu à justiça portuguesa que "procure nas 61 mil fotocópias" que Paulo Portas "levou para casa" quando abandonou a pasta da Defesa o contrato dos dois submarinos comprados por Portugal à Alemanha durante o Governo PSD/CDS-PP.
A declaração do líder do BE mostra que "ainda está ressentido com o resultado das eleições legislativas", defende. Mas esta não é razão para "desatar a fazer impropérios contra este e contra aquele", acrescentou.
Paulo Portas considera "uma história mal contada" o caso do alegado desaparecimento de documentação relacionada com o processo de aquisição dos submarinos ao Germain Submarine Consortion, destacando que esta polémica foi desencadeada por "uma fonte anónima".
O líder do CDS/PP argumentou que o contrato de financiamento foi enviado para visto pelo Tribunal de Contas, que o Governo seguinte fez uma análise detalhada do documento, que o ministro das Finanças fez outra verificação no inicio do ano e que "o Estado Português tem feito os seus pagamentos pontualmente, obviamente com base na documentação jurídica pertinente"
O contrato para a construção de dois submarinos, no valor de 800 milhões de euros, foi assinado em Abril de 2004 pelo então ministro da Defesa Paulo Portas com o consórcio alemão German Submarine Consortium (GSC), do grupo Thyssen Krupp - que, de acordo com o Governo, apresentou a melhor proposta em termos de preço, contrapartidas e condições operacionais.
O consórcio preterido no concurso, o francês DCNI, recorreu da decisão pedindo a suspensão do processo, mas o Supremo Tribunal Administrativo acabaria por dar razão ao executivo português.
Três anos depois, surgiram na imprensa as primeiras notícias sobre investigações da Polícia Judiciária (PJ) ao rasto de 24 milhões de euros que o consórcio alemão terá transferido no âmbito do negócio para uma empresa do Grupo Espírito Santo (GES) sedeada no Reino Unido, a Escom Uk.
A investigação, noticiava então a imprensa, tinha sido desencadeada por conversas telefónicas, alegadamente interceptadas pela PJ, entre o então ministro da Nacional e o ex-director financeiro do CDS-PP Abel Pinheiro e visava apurar suspeitas de financiamento do CDS-PP.
Na passada terça-feira o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) efectuou buscas a escritórios de advogados no âmbito do caso - O DCIAP veio entretanto dizer que não é possível prever "a data de conclusão" do processo, assegurando que as diligências não obedecem "a qualquer timing programado".