<p>O PSD vai abster-se na generalidade do OE, mas exige dos socialistas que dêem sinais, até dia 29, de que aceitam as propostas de alteração na discussão na especialidade, para que o sentido de voto se mantenha na votação final global. PS reagiu com dureza.</p>
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Ou seja, na verdade, ontem, no Conselho Nacional, Pedro Passos Coelho só desfez meio tabu. "Proponho dizer aos portugueses que este Orçamento não é o nosso. Nós desejamos que o Governo mude o OE e, nessa condição, o PSD deve considerar a possibilidade de se abster. O Governo deve dizer com clareza, até ao dia 29, se aceita os nossos pressupostos".
Foi com estas palavras que, segundo um relato de um dos assessores, Passos Coelho se dirigiu aos conselheiros nacionais, deixando a pergunta pública: "Está o Governo interessado em discutir na Assembleia da República os pressupostos apresentados?"
No entanto, o líder do PSD avisou que "há riscos" nesta opção e, por isso, acentuou: "Temos de estar preparados para tudo", garantindo que, se o Governo "desertar", o PSD estará à altura do seu passado.
Entre críticas à "arrogância" e "sobranceria" do Governo, Passos Coelho não deixou passar sem referência as pressões que tem sentido no interior do partido. Depois de ter ironizado, dizendo que "só o Vaticano não tomou uma posição sobre o OE", afirmou esperar que "não haja ninguém nesta sala que ache que o PSD tem responsabilidades no descalabro das contas públicas". E enviou um recado directo para Manuela Ferreira Leite, ao defender que, embora a viabilização do OE "se justifique em prol do interesse nacional", não ficaria de bem com a sua consciência "se não tentasse melhorar a proposta do Governo".
À entrada para a reunião do Conselho Nacional, que começou com 45 minutos de atraso, Paula Teixeira da Cruz tentou esvaziar a ideia de que o PSD irá avançar com um novo ultimato ao Governo para viabilizar o OE na votação final global.
PS reage mal
"Não é um ultimato nem sequer são condições, são sugestões de um caderno de encargos para que as condições de vida dos portugueses melhorem". Assim falou aos jornalistas uma das vice-presidentes de Pedro Passos Coelho, depois de ter sido conhecida uma primeira reacção do PS, que, nas palavras do porta-voz, Fernando Medina, considerou "um péssimo sinal a imposição de condições".
Sem estar no horizonte qualquer encontro a dois entre Passos e Sócrates, a negociação vai passar pelo Parlamento mas também pelo gabinete do ministro Teixeira dos Santos. E como negociar é também ceder, o PSD admite partir para este processo com "flexibilidade".