A Federação Nacional dos Professores garantiu esta quinta-feira que não assinará qualquer acordo com o Governo sobre avaliação docente se forem mantidas as quotas, as cinco menções para notas e a implicação das classificações nos concursos.
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"Não venha pedir paz social com uma mão e declarar guerra com a outra. Não espere compreensão ou resignação", avisou, num recado ao primeiro-ministro, Mário Nogueira, da Fenprof, perante o cenário de milhares de docentes contratados sem colocação.
O dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof) não quis esperar pela reunião do Secretariado Nacional da Fenprof que só termina amanhã e esta quinta-feira quis deixar uma mensagem a Pedro Passos Coelho: "Basta! Não estamos (disponíveis) para mais sacrifícios".
A gota de água que fez transbordar o copo - a ronda negocial com o Ministério da Educação ainda não terminou - foi a não colocação de mais de 35 mil professores contratados, números que foram esta quinta-feira tornados públicos e que já motivaram reacções.
Além da Fenprof, também a Federação Nacional da Educação, do o PCP, chamaram a atenção para "o maior despedimento de sempre de professores e, por outro lado, para a "angústia do desemprego" e a "falta de harmonia" entre as necessidades de formação e o nível de utilização dos recursos humanos existentes.
Manifestação na forja a 16
Há ainda professores que estão a organizar-se, via Facebook, para uma manifestação no dia 10 de Setembro, no Rossio, em Lisboa. A própria Fenprof admite sair à rua no dia 16, primeiro dia de aulas, com manifestações nas principais capitais de distrito.
Aos jornalistas, durante uma conferência de imprensa, Mário Nogueira garantiu que não assinará qualquer acordo com o Ministério da Educação sobre a avaliação dos professores caso estas tenham implicações nos concursos, caso se mantenham as quotas e as cinco menções de classificação (insufiente, regular, bom, muito bom e excelente) em vez de três, como defende. A saber: insuficiente, bom e muito bom.
Sobre as quotas, Mário Nogueira frisou que, nos Açores, onde estas não existem, só houve pouco mais de 1% de menções aicima do bom, pelo que não vê razões para haver quotas. "A avaliação, ao contrário do que deveria ser, é um factor de perturbação e de conflitualidade. Nós queremos da avaliação esta carga", sublinhou o secretário-geral da Fenprof.
A terceira e última ronda negocial entre o Ministério e os sindicatos está marcada para dia 9. Mário Nogueira avançou que, três dias antes, terão nas mãos uma nova versão do modelo de avaliação. Para dia 7, está já marcado um plenário com professores e na véspera da reunião com o Governo, a Fenprof voltará a falar em conferência de imprensa.
Se não houver acordo no dia 9, a Fenprof admite requerer a negociação suplementar, mas só se houver sinais de abertura. Caso tal não aconteça, promete organizar protestos para dia 16, um pouco por todo o país.