O PS acusou o primeiro-ministro de seguir uma lógica teimosa de "custe o que custar" a austeridade é para aplicar e de governar o país de costas voltadas para os portugueses e para as empresas.
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Esta quarta-feira, falando em plenário, na Assembleia da República, no período de declarações políticas, o dirigente socialista Miguel Laranjeiro baseou o seu ataque ao Governo nas mais recentes estimativas sobre a taxa de desemprego, que poderá atingir os 14,5% no final do ano.
Miguel Laranjeiro pegou numa expressão usada por Pedro Passos Coelho - "custe o que custar" Portugal tem de cumprir os objetivos de consolidação orçamental - para criticar a sua atuação enquanto líder do executivo.
"Estamos perante um primeiro-ministro que governa de costas voltadas para os portugueses, de costas voltadas para as instituições e empresas. Um primeiro-ministro que, custe o que custar, prefere a destruição do tecido produtivo, o aumento do desemprego, a assumir que errou na estratégia que está a seguir", disse.
Na perspetiva do secretário nacional do PS para a Organização, o ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, ao admitir um desemprego de 14,5% "desmentiu" o que o primeiro-ministro afirmara no debate do Orçamento do Estado para 2012, quando estimou o desemprego nos 13,4%.
"Se temos este valor (1,1 milhões de portugueses desempregados, subempregados ou inativos), se juntarmos aqueles que já emigraram, como se pode dizer que o problema é do mercado de trabalho, do Estado social e dos subsídios atribuídos? O problema é da falta de crescimento económico", contrapôs Miguel Laranjeiro.
Na resposta, PSD e CDS confrontaram o deputado socialista com a evolução em alta da taxa de desemprego desde 2008 até 2011.
O social-democrata Adão e Silva recordou a promessa do anterior primeiro-ministro José Sócrates de criar 150 mil postos de trabalho, enquanto o democrata-cristão Artur Rego sustentou que o atual executivo está finalmente a fazer reformas estruturais no país para mais tarde inverter a tendência de subida do desemprego.
Intervenção crítica para a bancada socialista partiu também do deputado comunista Jorge Machado, que acusou o PS de corresponsabilidade nas políticas de aumento de desemprego e de destruição do aparelho produtivo, já que assinou com o PSD e CDS "o pacto de agressão", ou seja, o acordo com a troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional).
Pela parte do Bloco de Esquerda, Mariana Aiveca considerou insustentável que o desemprego jovem atinja os 35% e acusou o ministro Adjunto e dos Assuntosd Parlamentares, Miguel Relvas, de ter criado para responder a este problema "uma comissão bluff".