PS critica obstinação do Governo em baixar impostos das empresas e cortar salários
Pedro Marques criticou, esta terça-feira, "a surpresa" de Paulo Núncio em relação à posição socialista sobre o IRC, lamentando a "obstinação" do Governo em baixar impostos das empresas, enquanto corta salários e pensões de 600 euros.
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O vice-presidente da bancada socialista, Pedro Marques, reagiu assim às declarações de do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, que disse ter sido "com surpresa" que ouviu dirigentes socialistas contestarem a proposta de redução de IRC.
"A mim espanta-me uma certa obstinação do Governo em favorecer a baixa de impostos das grandes empresas em vez de dirigir qualquer espécie de apoio às pequenas e médias empresas", disse Pedro Marques, sublinhando que, nesta matéria, existe uma "diferença de posição clara" entre PS e Governo.
O que "espanta" o ex-secretário de Estado da Segurança Social socialista é que o Governo "esteja a priorizar a baixa de impostos das muito grandes empresas ao mesmo tempo que está a cortar salários e pensões a partir de 600 euros".
Pedro Marques lembrou que quando foi a discussão na generalidade da proposta do IRC, o PS defendeu que a sua prioridade eram as Pequenas e Médias Empresas (PME"s) e não a redução dos impostos das grandes empresas": "Propusemos, sim, a taxa de IRC de 12,5% para lucros até 12.500 euros", recordou.
Já Paulo Núncio lembrou hoje que "as reduções [da taxa de IRC] foram todas propostas por governos socialistas, liderados pelo engenheiro António Guterres, e foram sempre viabilizados pelos outros partidos do arco da governabilidade" (PSD e CDS).
Perante estas críticas, Pedro Marques lembrou que eram outros tempos: "Alguém quer comparar a situação do país? Nessa altura havia condições para aumentar pensões e apoiar pessoas. Hoje, o Governo está a apresentar esta baixa de IRC ao mesmo tempo que está a cortar salários e pensões abaixo dos 600 euros", criticou.
"Se houver algum espaço para algum tipo de redução de IRC pois que seja dirigido às PME"s e não estar aqui a dar este tipo de sinal às grandes empresas. Se for possível apontar para a redução para 12,5%, para metade da taxa de IRC dos lucros até 12.500 euros, muito bem. Agora, favorecer o planeamento fiscal das grandes empresas e favorecer a baixa de impostos praticamente toda ela dirigida para empresas do PSI20, já não nos parece possível no momento em que os país se encontra", concluiu.