O PS entregou, esta quinta-feira, na Assembleia da República, a moção de censura ao Governo, defendendo que Portugal vive já uma crise política e precisa de um outro executivo que represente o novo consenso social e político.
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A moção de censura do PS, que será debatida e votada em plenário na quarta-feira, tem como primeiro subscritor o secretário-geral, António José Seguro, seguindo-se a presidente deste partido, Maria de Belém, e o líder da bancada socialista, Carlos Zorrinho.
No texto da moção de censura, os socialistas defendem que, "se o Governo continua cada vez mais isolado, a violar as suas promessas eleitorais, sem autoridade política, incapaz de escutar e de mobilizar os portugueses, a falhar nos resultados, a não acertar nas previsões, a negar a realidade, a não admitir a necessidade de alterar a sua política de austeridade, a não defender os interesses de Portugal na Europa, a conduzir o país para o empobrecimento, então só resta uma saída democrática para solucionar a crise: A queda do Governo e a devolução da palavra aos portugueses".
"Portugal precisa urgentemente de um novo Governo e de uma nova política", sustenta o PS, salientando que não será a sua iniciativa a gerar instabilidade no país.
"A crise política já existe" e "esta moção oferece uma solução para a crise política, como condição necessária para mobilizarmos os portugueses e vencermos a crise social e económica que nos cerca", refere o texto.
Para o PS, existe já "um novo consenso político e social em Portugal".
"Só um novo Governo, democraticamente legitimado, com forte apoio popular, estará em condições de interpretar e protagonizar o novo consenso nacional, renegociar (ao nível europeu) uma estratégia credível de ajustamento e proceder ao relançamento sustentável da nossa economia e da criação de emprego", advoga o PS.
No texto da moção de censura, o PS defende que "tudo fez para que o Governo reconhecesse o seu fracasso, abandonasse a sua política da austeridade e mudasse de caminho", mas o executivo "ignorou os alertas e recusou os contributos do PS, bem como de outras organizações e movimentos da sociedade portuguesa".
Segundo os socialistas, a recente sétima avaliação da aplicação do memorando, por ser a primeira depois de conhecidos os resultados de 2012, "constituía o derradeiro momento para o Governo inverter a sua política".
"Avisámos o Governo de que esta seria a última oportunidade para fazer essa mudança. O Governo desperdiçou a derradeira oportunidade para mudar de rumo. O Governo tornou evidente que não está à altura do momento que vivemos e das responsabilidades que deveria assumir", advogam os socialistas.
Para o PS, a situação que se vive em Portugal "é de uma enorme gravidade" e os portugueses "não aguentam estes níveis de desemprego, nem mais medidas de austeridade".
"Estamos à beira de uma tragédia social de consequências imprevisíveis para a vida dos portugueses e para o nosso regime democrático. Nenhum órgão de soberania e responsável político pode ignorar o estado de préruptura social e de espiral recessiva a que o nosso país chegou", acrescenta a moção de censura do PS.