O PS lançou hoje, quarta-feira, a suspeita de que a presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, conheceu antecipadamente o teor das "alegadas escutas" telefónicas envolvendo o primeiro-ministro e o ex-dirigente socialista Armando Vara, arguido no processo "Face Oculta".
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A posição do PS, que também foi sugerida pelo ministro da Economia, Vieira da Silva, foi transmitida pelo vice-presidente da bancada Ricardo Rodrigues, em sede de Comissão de Assuntos Constitucionais, mas foi veementemente rejeitada pelo PSD.
Segundo Ricardo Rodrigues, não foram só órgãos de comunicação social que se referiram ao teor das escutas telefónicas a Armando Vara e que acabaram por envolver o primeiro-ministro, José Sócrates.
"Também dirigentes políticos, como Manuela Ferreira Leite, usaram no seu argumentário político declarações que davam a entender que há três meses a presidente do PSD tinha conhecimento das escutas", declarou o vice-presidente da bancada socialista.
Segundo a tese do dirigente socialista, "quando Manuela Ferreira Leite afirma publicamente que o primeiro-ministro mentiu sobre o caso TVI, é caso para se ficar muito admirado".
"Como sabe ela que o primeiro-ministro estava a mentir [sobre o caso TVI]. Três meses depois percebi que esse era um facto das alegadas escutas", observou o dirigente da bancada do PS.
Para Ricardo Rodrigues, "é precisamente no argumentário que está a ser usado pelo PSD na disputa política, usando alegadas escutas, que se vem a verificar que, afinal, alguém conhecia as alegadas escutas".
Esta suspeita lançada pelo vice-presidente da bancada do PS foi contestada pelo ex-secretário de Estado social-democrata Miguel Macedo.
"O que acabou de dizer quero rejeitar de forma absolutamente liminar, porque disse que há forças políticas que usam informações judiciais para fazer política. Isso é absolutamente mentira e estou em condições de o dizer sem qualquer margem para dúvidas", contrapôs o deputado do PSD.
Para Miguel Macedo, "se há interpretações a fazer sobre o que afirmou o primeiro-ministro no que respeita à TVI - que não tem nada a ver com escutas [do processo Face Oculta], mas sim com o facto de se apurar se ele mentiu ao Parlamento -, é observar-se as declarações do primeiro-ministro sobre esta matéria".
"Depois de garantir que nada sabia, o primeiro-ministro fez depois uma distinção entre conhecimento oficial e conhecimento particular da situação desta televisão. Essa questão é política, porque se trata de saber se o primeiro-ministro mentiu ou não ao Parlamento!", justificou Miguel Macedo.