O líder parlamentar do PSD acusou o primeiro-ministro, José Sócrates, de se comportar como "alguém politicamente inimputável" e de fugir às explicações que deve ao país para as medidas de austeridade que tomou.
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Na sua intervenção no debate quinzenal no Parlamento, o líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, insistiu para que o primeiro-ministro explicasse o que "o que é que correu mal" para anunciar agora novas medidas de austeridade, algumas ainda para este ano.
Miguel Macedo lembrou que há quatro meses, com o acordo do PSD, o Governo aumentou impostos e decidiu cortes na despesa, dizendo que isso "era o necessário e o suficiente para cumprir as metas de 2010 e as de 2011".
E referiu que o Governo, "até à semana anterior, dizia que estava tudo bem, tudo em linha com o que estava orçamentado".
"O que é que correu mal? Quantifique. O que é que falhou do lado da receita e o que é que falhou, em concreto, e em quanto, do lado da despesa?", questionou.
Miguel Macedo fez questão de apontar que uma das medidas agora adoptadas consiste em "receitas extraordinárias com o fundo de pensões da Portugal Telecom", equivalente ao que o PSD fez com o fundo de pensões da Caixa Geral de Depósitos e que o PS condenou.
O primeiro-ministro começou por responder que a informação relativa à execução do Orçamento do Estado para 2010 é pública, está no boletim da Direcção Geral do Orçamento, e aponta para "receitas muito acima do orçamentado" e "despesa dentro do padrão de segurança".
José Sócrates afirmou depois que "estes são tempos de incerteza internacional", em que "evoluíram muito negativamente os mercados internacionais", marcados pela "dificuldade que todas as instituições financeiras tem no acesso ao seu financiamento".
Com as medidas anunciadas, o Governo quis "eliminar todas as incertezas que pairaram sobre a execução orçamental de 2010 e eliminar todas as incertezas que algumas agências internacionais tinham sobre a determinação do Governo e a determinação da comunidade nacional em fazer face aos desafios exigentes do ponto de vista orçamental", acrescentou Sócrates.
Quanto à expressão "politicamente inimputável", o primeiro-ministro considerou-a um insulto.
Miguel Macedo continuou a pedir explicações quantificadas que justifiquem o que apelidou de "pacote de austeridade Sócrates".
O líder parlamentar do PSD cedeu tempo ao primeiro-ministro para que este pudesse responder, e no final concluiu: "Fez com o tempo que lhe dei o mesmo que faz com o dinheiro dos portugueses: desperdiçou-o".