O deputado social-democrata Luís Campos Ferreira disse, este domingo, no Porto, que António José Seguro e o PS "não deviam ter memória de peixe de aquário" e que "deviam pensar mais no país e menos na sua tática de conveniência partidária".
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Luís Campos Ferreira reagia a declarações proferidas sábado pelo líder do PS que reiterava a intenção do seu partido votar contra o Orçamento de Estado, apesar de desistir da moção de censura na sequência do recuo do Governo na Taxa Social Única.
"O país tem neste momento uma péssima imagem dos políticos exatamente por haver pessoas com responsabilidade como António José Seguro que tem um discurso ajeitado às circunstâncias, ajeitado às sondagens, um discurso do 'deixa ver o que é que agrada mais neste momento'", afirmou.
O deputado social-democrata considerou que o PS e o seu líder "deviam olhar menos para o seu interesse enquanto partido e mais para aquilo que é o interesse público e não serem protagonistas de uma política de banca rota, que Portugal tem a todo o custo que evitar".
"Deviam aprender com a lição de que Portugal não pode voltar a ter um governo como o último governo socialista que em seis anos duplicou a dívida de 90 mil milhões para 174 mil milhões. Foi o país da Europa que mais se endividou", disse.
O social-democrata entende que Seguro "devia aguardar por aquilo que é a negociação por parte do Governo, que demonstrou uma grande sensibilidade para aquilo que se passa no país e para aquilo que o país disse em relação às medidas anunciadas".
"O governo teve a sensibilidade de perceber o país e vai amanhã mesmo [segunda-feira] ter uma negociação com os parceiros sociais de forma a encontrar aquilo que é uma solução orçamental que passe pela criação de emprego, por alavancar a economia, mas também pelo acertar das finanças públicas", sustentou.
Assim, defende o deputado do PSD, Seguro "não se devia precipitar e devia colaborar com serenidade naquilo que é uma coesão nacional de saída e de solução para este tempos difíceis que Portugal vive".
"António José Seguro devia aprender a lição de que Portugal não pode voltar a ter um governo como o último governo socialista, que nos últimos três anos, 2008, 2009 e 2010, fez 40 por cento das Parcerias Público Privadas (PPP). Deve aprender com a lição de que Portugal não pode voltar a ter um governo que o conduza á banca rota e a esta situação de resgate internacional", afirmou.
Mas, acrescentou, "António José Seguro também não pode tentar passar entre os pingos da chuva sem se molhar. Não pode ter em relação à troika o discurso de 'agarrem-me, agarrem-me senão rasgo o memorando, mas agarrem-me'. Não pode ter este discurso, tem de ter um discurso claro".
"Nós precisamos de saber se António José Seguro quer cumprir o memorando que o governo socialista assinou com a troika ou não quer cumprir esse memorando. Precisamos de saber se Seguro quer que Portugal continue na zona euro ou quer que Portugal saia da zona euro. É isso que nestes tempos difíceis se exige ao principal líder da oposição, que não pode ter aqui memória de peixe de aquário e deve aprender a lição com os erros do partido socialista no passado", frisou.
Luís Campos Ferreira referiu ainda que "em três intervenções exteriores que tivemos em Portugal, por coincidência, todas elas foram feitas numa altura em que o PS estava no poder. É esta lição que António José Seguro deve aprender e deve por em prática".
Questionado sobre o mal-estar na coligação governamental, o deputado do PSD afirmou que "a coligação são dois partidos, duas entidades e duas personalidades distintas. Por isso, a coligação é um ajustamento dinâmico daquilo que é o interesse e as convicções desses partidos com o interesse nacional".
"Penso que a coligação com o PSD saiu robustecida e mais forte daquilo que foi um problema que existiu e toda a gente percebeu. Mas acho que saiu robustecida", frisou.