O secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, considerou, quinta-feira, que seria mais fácil o diálogo com o PS se este fosse liderado por António Costa, Francisco Assis ou António José Seguro, em vez de José Sócrates.
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No final de um debate de perto de três horas sobre informação e política, com muitas críticas ao estado do jornalismo português, no Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), em Lisboa, a jornalista e docente deste instituto Judite de Sousa aproveitou a presença de Miguel Relvas e de António José Seguro, também docentes do ISCEM, para questionar o secretário-geral do PSD sobre a liderança do PS.
À pergunta se "é legítimo o PSD querer impor uma mudança de liderança no PS", Miguel Relvas começou por responder que "quem escolhe os dirigentes do PS é o PS".
"Muito bem", observou o deputado do PS António José Seguro.
"Nós dizemos é que mais fácil hoje, e o país já sabe isso, o diálogo e entendimentos com o PS liderado por António Costa, com o PS liderado por Francisco Assis ou com o PS liderado por António José Seguro, por uma razão muito simples, porque são pessoas que ao longo da sua história cumpriram sempre a palavra e têm uma forma e uma seriedade de estar na vida política", acrescentou.
Antes, no início da sua intervenção, o secretário-geral do PSD referiu-se a António José Seguro como "um dos políticos mais brilhantes" da sua geração.
Segundo Miguel Relvas, a actual liderança do PS "não consegue falar com ninguém, está esgotada: já não consegue falar com o PCP, não fala com o Bloco de Esquerda, não fala com o PSD, não fala com o CDS é uma liderança que é a imagem da crise do país", enquanto "hoje o PSD fala à sua direita".
Depois desta resposta, o jornalista Carlos Magno, igualmente docente do ISCEM, comentou: "Eu odeio cenas cínicas e já se percebeu que António José Seguro, e eu percebo a lógica dele, não quer falar de coisas urgentes da política e que não podemos adiar".
António José Seguro reagiu mostrando-se irritado, dizendo que não se trata de não querer falar e sublinhando que este era suposto ser "um debate académico".
"Tens razão, ó António José Seguro tens toda a razão, e se há uma coisa que eu respeito é o direito ao silêncio. Qualquer pessoa tem o direito de falar ou não falar e odeio ver jornalistas de microfone em riste a obrigar pessoas a falar. E, para mim, os silêncios têm de ser interpretados politicamente", replicou Carlos Magno.