O ministro da Presidência afirmou, esta quarta-feira, que a expectativa das instituições internacionais é que haja um acordo nacional sobre os programas de ajustamento e de ajuda externa que transcenda o horizonte de vida do Governo de gestão. Silva Pereira reiterou, ainda, que as contas públicas portuguesas "são inteiramente transparentes", numa resposta a Passos Coelho.
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Pedro Silva Pereira falou aos jornalistas sobre o processo negocial com a 'troika' da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e foi confrontado com as posições do CDS e do PCP, no sentido de que o Governo de gestão, nas negociações internacionais, não assuma compromissos não urgentes que possam vigorar após as eleições de 5 de Junho.
Sobre as limitações inerentes aos poderes do actual executivo, que se encontra demissionário, Pedro Silva Pereira disse haver consciência de que o Governo se encontra em gestão. "Mas é também compreendendo essa situação que as instituições internacionais sublinharam que o programa de ajuda externa teria não apenas o compromisso político do Governo mas também o de outras forças políticas".
"A expectativa das instituições internacionais neste momento é para que, no final deste processo de diálogo e de negociação, se possa obter um compromisso do Governo e de outras forças políticas no sentido de que o país se pode comprometer com um horizonte de vida do Governo de gestão, independentemente do resultado das eleições marcadas para 5 de Junho", disse.
Quanto ao estado do processo negocial, o ministro da Presidência referiu que terça-feira iniciaram-se os trabalhos a um nível técnico, "num clima de grande cooperação". "Todos temos a consciência de com este processo pretendemos servir os interesses da economia nacional, mas também os interesses da moeda única e do projecto europeu", salientou.
Governo lamenta expressões "impróprias" do PSD
Silva Pereira sustentou, ainda, que as contas públicas portuguesas "são inteiramente transparentes" e criticou o líder do PSD por usar expressões impróprias antes de Portugal iniciar uma negociação internacional como "esqueletos escondidos no armário".
Pedro Passos Coelho disse querer todas as situações financeiras do país "em cima da mesa" antes de iniciar um processo de acompanhamento das negociações do Governo com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"As contas públicas portuguesas são inteiramente transparentes e conhecidas", sendo "auditadas por entidades independentes, reportadas internacionalmente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e verificadas pelo Eurostat.", frisou o governante.
"A insistência por parte do PSD no sentido de se verificar alguma falta de transparência nas contas públicas, a insistência em expressões no mais impróprio dos momentos - como esqueletos no armário ou gatos escondidos com rabo de fora - não são contributos à altura das exigências do país e do sentido do interesse nacional", respondeu o ministro da Presidência.