Os cabeças de lista da coligação PSD/CDS-PP e do PS concordaram, esta quinta-feira, que os resultados das eleições europeias "terão sempre leituras", mas recusam que daí sejam retiradas "consequências".
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Num debate promovido pelo "Diário Económico", entre os candidatos da coligação Aliança Portugal, Paulo Rangel, do PS, Francisco Assis, da CDU (coligação entre o PCP e o PEV), João Ferreira, e do BE, Marisa Matias, os candidatos do PSD/CDS-PP e do PS reconheceram o "distanciamento" que existe entre os cidadãos e as instituições e admitiram que todos os resultados terão "leituras políticas".
"Não serão leituras apenas nacionais, mas também europeias", disse o cabeça de lista da coligação Aliança Portugal, admitindo que "há sempre extrapolações políticas".
Contudo, acrescentou, os resultados não devem ter consequências nacionais.
Tão otimista como Paulo Rangel quanto a um bom resultado nas eleições de 25 de maio, o cabeça de lista socialista também reconheceu que "qualquer que seja o resultado levará a leituras".
"As consequências é que não são possíveis de antecipar", referiu, recusando, porém, que existam "consequências automáticas".
"Haverá depois um processo de interpretação", antecipou, .
Por sua vez, Marisa Matias disse entender que "todos deverão fazer uma leitura atenta dos resultados", apontando a abstenção como o resultado das "políticas de austeridade".
"Cada não voto é um voto na austeridade", alertou a candidata do BE, sublinhando que "em democracia há sempre alternativas" e que é importante combater a abstenção, porque "normalmente são os mais descontentes que não votam", mas que as eleições são precisamente "um caminho para romper com as políticas que têm sido seguidas".
Ainda a propósito da abstenção, João Ferreira lembrou que "há décadas que se tem alternado de protagonistas para ter no essencial uma mesma política".
Além disso, continuou, nos últimos cinco anos no Parlamento Europeu, em tudo o que de mais relevante foi votado, "não há um único voto em que PS tenha votado de forma diferente do PSD e do CDS-PP".
No debate transmitido hoje à noite na Económico TV, a necessidade de consensos não ficou de fora do 'guião', com o candidato do PS a admitir que é necessário construir "um novo consenso político em Portugal", apesar de ser contra "compromissos em torno de uma política" como a que tem sido seguido pelo Governo de maioria PSD/CDS-PP.
Paulo Rangel respondeu de imediato a esta afirmação do candidato socialista, acentuando que o PSD tem estado sempre disponível para consenso, ao contrário do PS.
"É mais fácil construir consensos na Europa", desabafou, acusando os socialistas de "terem descolado dos compromissos" em Portugal "por razões eleitoralistas e demagógicas".
Logo no início do debate, que se prolongou por cerca de hora e meia, a mutualização e a reestruturação da dívida ocuparam largos minutos da conversa, com Francisco Assis a recordar que o PS defende "uma mutualização parcial da dívida".
Uma solução que não foi recusada pelo cabeça de lista da coligação Aliança Portugal, mas que deve ser equacionada apenas "a médio prazo", porque antes há um caminho que tem de ser feito.
Pelo contrário, para João Ferreira e Marisa Matias a mutualização da dívida neste momento "não resolverá nada", apontando antes para a reestruturação.
"A dívida não é sustentável, está insustentável, não é pagável", disse Marisa Matias.
Ao longo do debate, a cabeça de lista do BE repetiu essa mesma ideia, nunca tendo sido contestada por nenhum dos outros candidatos, um facto que fez questão de assinalar: "disse 3 vezes e ninguém me desmentiu".
A herança deixada pelos Governo socialista de José Sócrates foi outros dos temas repetidamente abordado pelo candidato da Aliança Portugal, que reiterou as críticas à "política irresponsável" e de "ilusão" defendida pelo PS.
"Paulo Rangel fala obsessivamente sobre passado", contrapôs o candidato socialista.