O secretário-geral do PS desafiou esta quarta-feira o primeiro-ministro a esclarecer se há uma nebulosa envolvendo um suposto triângulo "serviços secretos, o PSD e interesses privados", dizendo estar em causa o Estado de Direito.
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António José Seguro falava na abertura do debate quinzenal, depois da intervenção de Pedro Passos Coelho sobre o estado dos serviços de informação em Portugal.
Seguro declarou que o primeiro-ministro tem de esclarecer se há neste momento "uma nebulosa envolvendo os serviços secretos, o PSD e interesses privados", adiantando que não quer tirar conclusões sobre estas suspeitas, mas que exige o apuramento dos factos.
"Como foi possível elaborarem-se relatórios sobre jornalistas, em particular o diretor do jornal "Expresso" (Ricardo Costa)? Como foi possível que tenha sido elaborado um relatório sobre um membro do Conselho de Estado, fundador de um dos partidos estruturantes do regime democrático (Pinto Balsemão) Como se chegou até aqui?" questionou.
Na resposta, o primeiro-ministro frisou que esses supostos relatórios não foram elaborados pelos serviços de informações.
Na sua intervenção, o secretário-geral do PS disse que tratará a matéria das "secretas" com "sentido de Estado", antes de referir que levantou esta questão junto do primeiro-ministro no início da legislatura quando o ex-presidente da TVI Bernardo Bairrão saiu da lista de potenciais secretários de Estado do atual executivo.
"O senhor primeiro-ministro disse-me que não há nenhum caso Bairrão e disse que não tinha havido nenhuma informação proveniente dos serviços de informação da República que tivesse proporcionado uma alteração do convite feito ao dr. Bernardo Bairrão, mas o diretor do jornal Expresso, dias depois, voltou a escrever que tinha havido. Isto precisa de ser clarificado", acentuou o líder socialista.
Ainda de acordo com Seguro, precisa de ser clarificado de que, por ocasião da demissão de Silva Carvalho de diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), o então secretário-geral do PSD [Miguel Relvas] tinha sido previamente informado.
"Temos que cooperar no sentido de rapidamente, com serenidade, esclarecer estas situações, afastar todas as nuvens, apurar as responsabilidades e restituir a credibilidade aos serviços de informações. Não está só em causa a falta de confiança que os portugueses vão sentindo, está também em causa a liberdade e os direitos das pessoas que foram alvo de inquéritos", acrescentou António José Seguro.