O secretário-geral do PS apelou, esta terça-feira, ao presidente da República para que force o primeiro-ministro a dar explicações aos portugueses sobre o que tem já contratualizado com as instituições europeias sobre um novo programa financeiro para Portugal.
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António José Seguro falava aos jornalistas no final de uma reunião com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, que durou cerca de hora e meia e que se insere num programa de iniciativas do PS denominado "Combater as desigualdades e a exclusão social".
"Considero da maior gravidade o que se está a passar e, por isso, entendo que o próprio presidente da República deve pronunciar-se sobre esta matéria, obrigando o primeiro-ministro a esclarecer publicamente o que há em matéria de negociações entre o Governo português e as instituições europeias", declarou António José Seguro.
O secretário-geral do PS referiu que, na semana passada, o primeiro-ministro disse que só a partir de 27 de janeiro o Governo português começaria a negociar com as instituições europeias a saída do atual programa de assistência financeira, mas que o presidente do BCE, Mário Draghi, pelo contrário, declarou que iria haver para Portugal um novo programa "de certeza".
"O que o primeiro-ministro está a esconder? Isso são formas de governar um país? Isto cria incerteza, instabilidade e, por isso, desafio o primeiro-ministro a esclarecer de uma vez por todas o que já tem contratualizado com o BCE", disse.
Confrontado com a possibilidade de Mário Draghi ter falado apenas em abstrato, Seguro rejeitou esse cenário, contrapondo que o presidente do BCE pronuncia-se sempre "com dados objetivos".
"Para mim, é muito importante que o primeiro-ministro esclareça os portugueses sobre o que tem havido de conversações entre o Governo português e as instituições europeias", reforçou, antes de fazer novas e duras acusações ao executivo.
"Considero da maior gravidade que o país tenha sabido pela voz do presidente do BCE que Portugal vai ter de certeza um novo programa e que o primeiro-ministro tenha dito na semana passada que Portugal ainda não tinha começado a negociar e a conversar com as instituições europeias a forma de saída deste programa. Se o primeiro-ministro não veio ainda explicar, considero que o Presidente da República deve exigir que ele venha dar essa explicação", insistiu.
Para Seguro, o país "não pode assistir a um primeiro-ministro que anda a dizer que só a partir de 27 de janeiro é que começa a falar com as instituições europeias, depois vir um vice-primeiro-ministro [Paulo Portas] a inaugurar um relógio com a contagem decrescente para a saída da troika e, por fim, vir o presidente do BCE a dizer que Portugal vai ter de certeza um novo programa".
"Os portugueses não podem ser tratados desta forma. Merecem respeito, porque os portugueses é que estão no meio desta confusão. Os portugueses têm direito em saber o que se está a passar. Temos esse direito", acrescentou.