O Sindicato dos Jornalistas classificou, esta quarta-feira, de "repugnante" a espionagem feita ao diretor do semanário Expresso, Ricardo Costa, e defendeu que as autoridades competentes devem investigar o caso "até às últimas consequências".
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Na terça-feira, a edição 'online' do Expresso divulgou que o antigo diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e ex-administrador do grupo Ongoing, Jorge Silva Carvalho, tinha um relatório sobre a vida do diretor do semanário.
No mesmo dia, em declarações à Lusa, Ricardo Costa disse que queria saber quem ordenou o relatório sobre a sua vida profissional e pessoal e que esperava que essa resposta resposta fosse dada "ao mais alto nível".
Em comunicado, o SJ "exige aos poderes constitucionalmente constituídos o apuramento de responsabilidades e a tomada de medidas".
O Sindicato recorda os casos mais recentes relacionados com o caso das secretas - que inclui um relatório sobre Francisco Pinto Balsemão, as alegadas ameaças a uma jornalista do Público e a espionagem às comunicações do jornalista Nuno Simas -, o que mostra que "os jornalistas não podem estar tranquilos".
Por isso, "o SJ exige que as autoridades competentes investiguem estas situações até às últimas consequências".
Perante a informação revelada pelo Expresso, "relatório indicia uma prática de espionagem a jornalistas repugnante e própria da PIDE-DGS, extinta há 38 anos com o derrube do fascismo, pelo que o seu autor ou os seus autores, assim como quem determinou a sua elaboração e quem beneficiou dela têm de prestar contas perante a Justiça".
O SJ apela aos jornalistas encarregados de tratar deste e de outros processos, "nos quais constem ficheiros sobre a vida de camaradas de profissão, para que adotem a máxima precaução no tratamento dos elementos a que tenham acesso, de modo a não contribuírem para a devassa ainda maior de dados -- profissionais ou privados -- que deveriam estar protegidos".