O antigo primeiro-ministro português José Sócrates afastou a possibilidade de ser candidato à Presidência da República, apesar de afirmar "não ter vontade" de se afastar da política, numa entrevista publicada no jornal moçambicano "O País".
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"Não vou candidatar-me", disse o antigo líder socialista, sobre uma eventual corrida a Belém, acrescentando não ter ambição de se candidatar a nenhum cargo nem sentir esse impulso.
"Quando nos candidatamos, não são os outros que nos motivam, temos que ser nós próprios a sentir essa vontade de fazer, de servir o seu país, de dar o seu contributo, mas não sinto essa motivação e não quero regressar à vida política ativa", disse José Sócrates, numa entrevista publicada, esta quinta-feira, no jornal moçambicano "O País".
"Não ponho de lado nada para o futuro, mas nos próximos anos não. Vai passar muito tempo até que eu tenha vontade de voltar à vida política", acrescentou.
"Para já, o que eu desejo é manter-me numa posição de quem participa no debate político, não tenho nenhuma vontade, não sinto nenhum chamamento, nem apelo interno", reforçou Sócrates.
Antes, recordando o seu passado, o antigo primeiro-ministro afirmou-se um "político realizado" e "sem vontade" em se afastar da política. "Agora, quero beneficiar desse novo estar de felicidade de quem se representa a si próprio", acentuou.
Política europeia gera "desconfiança"
Na entrevista, que será também transmitida esta noite no canal televisivo STV, do grupo Soico, que detém "O País", o ex-primeiro-ministro acusou a liderança europeia de "conduzir o continente para a desconfiança" entre norte e sul.
"Nunca se verificou algo igual, facto que leva a desconfianças mútuas que põem em causa a confiança que os membros da União Europeia devem ter uns com os outros", disse.
"Grande parte da política europeia produzida nestes dias é uma política que se baseia não na vontade de ir mais além na Europa mas numa ideologia que é de direita", acrescentou Sócrates.
"Alguns europeus pensam que a crise não é deles, estão equivocados. Esta crise é de toda a Europa e aqueles que negam, mais tarde ou mais cedo acabarão por ser vítimas dela, a começar pela Alemanha", reforçou.