No gabinete do primeiro-ministro, em S. Bento, a tarde foi de expectativa. Iria José Sócrates ser obrigado a anunciar publicamente a demissão na próxima quarta-feira, dia da votação do OE? Para já, não teve que o fazer. O PSD optou por um "nim", à espera de um sinal do Governo. Mas o JN sabe que Sócrates não abandonou a ideia de recusar governar sem o Orçamento do Estado aprovado para 2011.
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Com a bola outra vez na mão, Sócrates voltou ontem a ganhar algum tempo. Até ao final do prazo, "muita água há-de correr sob a ponte" e é com isso que contam os socialistas. Esperam que o PSD venha a viabilizar o OE na generalidade, para que possa haver alterações na especialidade.
Ao fim da noite de ontem, ao entrar para a reunião com o grupo parlamentar do PS, o ministro Teixeira dos Santos fez questão de dizer aos jornalistas que mantém aberta a porta para o entendimento com o PSD, desde que o défice não ultrapasse os 4,6%.
"Continuamos disponíveis para ultrapassar o impasse. Esperamos gestos do PSD e pelo nosso lado, estamos disponíveis para os dar".
Foram no mesmo sentido as palavras do líder parlamentar do PS, Francisco Assis, que até acabou por se congratular com o "nim" social-democrata. "Acho que tudo o que não aponte para conclusões definitivas no sentido negativo é positivo. Nessa perspectiva, considero que o facto de o PSD não ter hoje afirmado uma posição negativa em absoluto é em si mesmo um dado positivo".
Assis voltava, assim, a assumir o papel de conciliador, certamente consciente do que lhe reserva o futuro próximo. É que, se for garantida a abstenção do PSD no OE, na generalidade, caberá aos deputados do PS converter os recuos de Teixeira dos Santos em propostas de alteração ao Orçamento, na especialidade. "Ainda é cedo e o PS estará disponível para assumir essas propostas", disse.