O bastonário da Ordem dos Médicos elogiou hoje, terça-feira, a possibilidade de o Ministério da Saúde optar pelo redimensionamento das embalagens dos medicamentos em substituição da venda por unidose
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"Não é exequível porque as farmácias não estão preparadas e porque acarretaria um enorme custo. Não é exequível porque os doentes, em Portugal, não estão preparados para ir entregar uma receita à farmácia e esperar pelo dia seguinte para que a unidose lhe seja preparada e entregue. Não é exequível porque isso aumenta o risco da contrafacção", disse Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos (OM), à agência Lusa.
O bastonário reagia, desta forma, às palavras da ministra da Saúde, que admitiu na segunda feira que a venda de medicamentos por unidose é "um processo difícil de implementar" e que solução poderá passar pelo "redimensionamento" das embalagens.
"Aquilo que a senhora ministra disse é rigorosamente o mesmo que nós já tínhamos dito há um ano", afirmou Pedro Nunes, sublinhando que os médicos "não têm qualquer problema com a unidose", dado que esse sistema até "facilitaria" a actuação dos clínicos.
O problema, segundo o responsável, é o sistema da venda individualizada de medicamentos "não ser exequível do ponto de vista técnico", além de comportar "riscos" para o doente, como é o caso da contrafacção.
Acusando a indústria farmacêutica de "não ter qualquer tipo de interesse" na venda por unidose, excepto se fosse possível substituir a prescrição médica na farmácia, Pedro Nunes recordou que os países onde existe este sistema estão progressivamente a "evoluir" para o método português.
"Os médicos não têm nada a opor-se, mas do ponto de vista técnico e da gestão dos recursos públicos [a unidose] é um disparate", frisou.
A lei que autoriza a venda de medicamentos em unidose nas farmácias entrou em vigor a 07 de Junho de 2009, por um período experimental de um ano.
Desde então, e segundo a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), ainda nenhuma farmácia mostrou interesse em aderir à dispensa unitária de medicamentos.
Na altura da implementação da medida, o argumento utilizado para justificar a decisão foi a de que a venda de medicamentos em unidose, mediante prescrição médica, permitiria evitar o desperdício e permitir uma maior poupança.
Na segunda feira, no entanto, a ministra da Saúde admitiu, numa entrevista à SIC, que a distribuição em unidose é mais cara para o utente e para o Estado, razão pela qual defende antes a redução do tamanho das embalagens.