O dirigente socialista Vieira da Silva afirmou, esta segunda-feira, "solene e definitivamente", que o PS nunca convidou o ex-candidato presidencial Fernando Nobre para algum lugar político e que apenas esteve com ele "num jantar de pessoas conhecidas".
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Vieira da Silva falava em conferência de imprensa, tendo ao seu lado João Tiago Silveira - dois dos dirigentes socialistas que estiveram presentes num jantar privado com Fernando Nobre e que agora gerou dúvidas sobre o alegado interesse do PS em promover uma aproximação política com este ex-candidato presidencial independente.
Na conferência de imprensa, Vieira da Silva assumiu que se encontrou com o presidente da AMI no passado dia 4, "num jantar em que foram debatidas diversas questões". "Foi um jantar de pessoas conhecidas. Gostaria de reafirmar solene e definitivamente que, nesse encontro, ou em qualquer outro que tenha conhecimento, não foi feito nenhum convite ou sondagem ao dr. Fernando Nobre para ocupar algum lugar político da responsabilidade do PS", declarou o também ministro da Economia.
Com estas palavras, Vieira da Silva disse que pretende que "não reste mais nenhuma dúvida" a propósito do encontro que teve com o candidato presidencial que ficou em terceiro lugar nas últimas presidenciais, com cerca de 14% dos votos. "Não é meu hábito ter a necessidade de reafirmar o que já disse publicamente. Não foi feito nenhum convite, nem foi feita nenhuma sondagem, nem para lugares de candidato a deputado, nem para qualquer outro cargo público", salientou.
Sobre as razões que o levaram a ter um encontro com Fernando Nobre, o dirigente socialista alegou que o presidente da AMI "foi um candidato presidencial com algum significado e teve um apoio político de muitos militantes e simpatizantes do PS". "Nesse quadro era perfeitamente normal que com ele debatêssemos a visão que ambos tínhamos sobre a situação política", justificou.
Na conferência de imprensa, Vieira da Silva referiu ainda que, nesse jantar, de 4 de Abril, Fernando Nobre transmitiu que não tencionava ocupar qualquer lugar político. "Não estou aqui a revelar qualquer inconfidência, porque essa foi a posição que tinha sido afirmada publicamente por Fernando Nobre poucos dias antes desse jantar se ter realizado", frisou.
Falta de transparência
O dirigente socialista afirmou ainda que as mais recentes posições do ex-candidato presidencial Fernando Nobre sobre as circunstâncias em que aceitará ser deputado continuam a revelar falta de transparência e responsabilizam sobretudo o líder do PSD.
"O PS não tem que concordar com as decisões de outros partidos, mas regista o facto insólito de haver um candidato a deputado que o era directamente para ser presidente da Assembleia da República e que chegou a afirmar que não exerceria o mandato se não fosse eleito para esse cargo", observou o dirigente socialista e director de campanha do PS.
Vieira da Silva disse não ter bem a certeza se a posição de Fernando Nobre evoluiu ou não no sentido de deixar de fazer depender o exercício do seu mandato de deputado da sua eleição para o cargo de presidente do Parlamento. "Julgo que, basicamente, estes episódios não acrescentam transparência ao processo eleitoral que iremos viver. Mas essa decisão, mais do que responsabilizar Fernando Nobre, responsabiliza [o presidente do PSD] Pedro Passos Coelho", sustentou.