O número um do PSD por Lisboa, Fernando Nobre, afirmou, domingo, que, caso não seja eleito presidente da Assembleia da República, avaliará "no momento qual é o lugar mais adequado para servir Portugal".
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"Se eu for eleito [deputado] e por alguma circunstância eu não venha a ser nomeado presidente da Assembleia da República, na altura certa ajuizarei qual é o lugar mais adequado para mim para servir Portugal," disse o antigo candidato presidencial, em entrevista à RTP 1.
Estas declarações de Fernando Nobre surgem um dia depois de ter sido publicada uma entrevista no Expresso em que o ex-candidato a Belém afirmava que renunciaria "imediatamente ao mandato de deputado" caso não fosse eleito presidente da Assembleia da República, uma posição que admitiu ter assumido.
"Demonstra o meu desapego completo a qualquer cargo político de poder. Só iria para presidente da Assembleia da República porque é um lugar que permite exercer uma influência", sustentou.
Questionado sobre se mudou de opinião devido a conversas, após o seu regresso ao país, no sábado, de uma missão humanitária no Sri Lanka, Fernando Nobre recusou: "Não tive contactos políticos com ninguém. Sou suficientemente adulto e responsável para entender que tinha criado uma celeuma desnecessária, porque eu quero é servir Portugal".
Esta explicação surge horas depois de o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, ter afirmado esperar que Nobre esclarecesse "algumas coisas que ficaram pouco claras" quanto aos termos da sua candidatura a deputado.
Questionado sobre as propostas eleitorais do PSD, o candidato admitiu ter um posicionamento mais à esquerda, afirmando-se como "um homem de valores sociais, inquestionáveis", mas sublinhou que Passos Coelho está "particularmente preocupado com a situação social do país".
Fernando Nobre disse ter sido "sondado pelo arco da governação" - mas sem revelar nomes -, e explicou que apenas aceitou a "proposta arrojada" de Passos Coelho, que "está interessado em ouvir a cidadania", pela "empatia pessoal" que teve em relação ao líder social democrata, "um ser humano" em que disse acreditar.
"Se eu for eleito presidente da Assembleia da República, tenho um poder de criar pontes, consensos, sensibilizar", disse, afirmando ainda que quer transformar "a casa da democracia na casa da cidadania".
Garantiu que participará na campanha eleitoral, concorrendo como independente, mas recusou ser "arma de arremesso contra as pessoas com as quais" pretende dialogar após as eleições.
Sobre a posição de Mário Soares - cuja comissão de honra integrou -, que disse ter ficado "estarrecido", Nobre lamentou: "Isso é a democracia. Da mesma maneira que lhe dei o apoio que dei, sou livre de fazer as minhas opções", disse.
Relativamente às críticas de antigos apoiantes nas presidenciais, o candidato garantiu que dois terços da sua equipa na campanha concorda com a sua decisão e afirmou que as centenas de mensagens que surgiram na sua página no Facebook resultaram de "um ataque concertado e partidário", anunciando que reabrirá a página na próxima semana.