O dirigente do PS Vitalino Canas considerou, esta terça-feira, que as sucessivas cartas do PSD ao Governo a propósito da ajuda externa já são "ridículas", acusando os sociais-democratas de provocarem "agitação" enquanto decorrem as negociações com a 'troika'.
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O economista Eduardo Catroga escreveu ontem, segunda-feira, uma 5.ª carta ao ministro da Presidência sobre a ajuda externa a Portugal, na qual afirma que o PSD continua sem receber informação suficiente do Governo, mas que o partido assumirá as suas responsabilidades.
"No momento em que estamos a negociar com a 'troika', toda essa agitação em torno das contas públicas não é certamente uma agitação adequada ou benéfica. Acho que já vai na 5.ª [carta]. Começa a tornar-se um pouco ridículo e creio que o PSD vai pelo mau caminho", afirmou Vitalino Canas, em declarações à Agência Lusa.
Para o socialista, as cartas do antigo ministro das Finanças social-democrata colocam perguntas cuja resposta pode obter-se "na maior parte das vezes" através da consulta de dados "que são públicos".
"As cartas inserem-se um pouco na encenação do PSD de dizer que não conhece a situação do país porque ela é ocultada pelo Governo e por isso não pode apresentar as suas propostas. A sucessão de cartas, se no início podiam criar algum impacto, a partir do momento em que se repetem deixam de ter qualquer tipo de impacto e passam simplesmente a ser ridículas", defendeu.
Questionado sobre a entrevista de Paulo Portas na segunda-feira à noite, na qual o líder do CDS-PP deu a entender que se PSD e CDS-PP formarem um Governo maioritário o PS não deve ser chamado a integrá-lo, Vitalino Canas defendeu que "antecipar cenários" como se as eleições já se tivessem realizado pode ser um "erro".
"Acho que os partidos devem estar disponíveis para entendimentos, uma vez que me parece manifesto que vai ter de haver um governo maioritário depois das eleições. Acho nesta altura mau que se estejam a estreitar cenários pós-eleitorais", afirmou.
O dirigente do PS acusou ainda CDS, e também PSD, de se comportarem "como se já tivesse havido eleições e já as tivessem ganho".