O presidente executivo da Portugal Telecom (PT), Zeinal Bava, disse hoje, domingo, não se recordar de ter falado com o administrador-delegado da Media Capital no dia 25 de Junho de 2009, quando o plano de negócio tinha sido abandonado.
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"Não me recordo de ter falado com ele no dia 25, mas pode ter acontecido uma chamada de manhã, mas nessa altura ainda não tinha reunido com Henrique Granadeiro, só o fiz no final da manhã e decidimos que não era oportuno agendar o negócio. Um negócio nunca morre, fica suspenso", disse Zeinal Bava.
Zeinal Bava disse ter ideia de ter falado com Manuel Polanco no dia 26 de Junho, dia em que também acompanhou Henrique Granadeiro num encontro com o ministro Mário Lino.
O presidente executivo da Portugal Telecom (PT) foi ouvido hoje, domingo, na comissão de inquérito parlamentar ao plano da Portugal Telecom para comprar a TVI, uma audição que decorreu de um requerimento do PCP, interposto por considerar haver "várias contradições" entre as declarações do presidente executivo da PT e as do administrador-delegado da Media Capital, Manuel Polanco, ouvido na sexta-feira passada.
Em causa, segundo o PCP, estavam as datas em que o negócio terá começado e terminado.
Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, presidente do conselho de administração da PT, garantiram nas primeiras audições da comissão de inquérito que decidiram no dia 25 de Junho de manhã que o negócio não iria concretizar-se.
No entanto, na sexta-feira, Manuel Polanco referiu também ter falado com Zeinal Bava sobre o negócio já depois de Rui Pedro Soares ter saído de Madrid – segundo o deputado comunista João Oliveira, o então administrador da PT deixou Madrid às 10 horas de 25 de Junho.
Hoje, domingo, na sua segunda audição na comissão de inquérito, Zeinal Bava disse não se recordar de ter falado com Manuel Polanco no dia 25 de Junho, mas sim no dia seguinte, a 26 de Junho.
Zeinal Bava disse ainda que no dia 4 ficou claro que não havia acordo entre as duas partes e que o tema teria de ser repensado, porque as condições para fechar o negócio não estavam reunidas. Já relativamente ao início da negociação, Zeinal Bava disse que esta aconteceu no dia 19 de Junho e quanto à reunião de Rui Pedro Soares com Manuel Polanco a 3 de Junho em Madrid garantiu não a conhecer.
Para o deputado relator da comissão, João Semedo, a audição de hoje, domingo, esclareceu que o negócio acabou não por vontade da Prisa nem da PT, mas por imposição do Governo.
"O Governo à última hora avaliou os riscos e vantagens. Ficou claro que não era apenas uma transacção comercial", disse o deputado do Bloco de Esquerda, adiantando que, relativamente ao início de todo o processo, ficou também claro hoje, domingo, que não foi transparente.
Já para o deputado comunista João Oliveira, a audição trouxe elementos novos sobre a participação do ex-administrador da PT Rui Pedro Soares na reunião de 26 de Maio de 2009, em que Manuel Polanco sugeriu a Zeinal Bava a realização do negócio, um dado que poderá levar a novas diligências da comissão.
A comissão de inquérito à actuação do Governo na tentativa de compra da TVI visa apurar "se o Governo, directa ou indirectamente, interveio na operação conducente à compra da TVI e, se o fez, de que modo e com que objectivos".
A alínea b do documento fixa ainda que o inquérito pretende "apurar se o senhor primeiro-ministro disse a verdade ao Parlamento, na sessão plenária de 24 de Junho de 2009", quando disse não ter sido informado da operação.