É a mais nova dos 10 vencedores da iniciativa "Regresso às Aulas", uma parceira do Jornal de Notícias, com a Staples e Pingo Doce. Raquel Pires, de Odivelas ainda não completou 7 anos, mas já é um exemplo a seguir no que toca ao aproveitamento escolar. "Gosto de estudar, a minha disciplina preferida é a matemática", diz a jovem aluna, fã de números, mas nem tanto da leitura.
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O estímulo para os estudos é dado pelo pai de Raquel, José Carlos Pires, de 39 anos. "Sempre a incentivamos. A começar de pequenina. Antes de ir para o 1.o Ano já sabia algumas coisas. Sempre gostou de aprender", adianta o progenitor, defendendo que esta iniciativa foi um "incentivo para estes jovens se esforçarem um bocadinho mais para terem uma recompensa no final".
"Já lhe tinha prometido que se fosse uma das melhores da turma lhe arranjava um computador usado. Mas, surgiu esta oportunidade e foi ótimo para ambos", diz José Carlos Pires, que aproveitou o vale de compras oferecido pela Staples para dar à filha um portátil. E Raquel, aproveita a deixa do pai para acrescentar: "Não vou ao computador do meu pai porque ele está sempre com ele. Era da minha mãe e tinha lá um jogo dos Smurfs, mas ele tirou-mo".
Quanto à lista, não faltou também o indispensável material escolar. "Comprei uma mochila das Winks, como queria, canetas de cor e outras coisas", conta a jovem, que adora ver o "Disney Channel e o Disney Júnior" e só não aprecia os desenhos animados "assustadores", pois tem medo.
Para além de ver televisão, Raquel gosta de pintar e de se entreter com "os bebés de brincar". "Tenho muitos, mas não lhes faço nada, pois estão arrumados. A roupa está muito guardada... tão guardada que até não a encontro", justifica a menina, que , no futuro sonha vir a ser "doutora de bebés".
"Estamos a passar uma fase difícil, mas é passageiro"
O último ano tem sido particularmente difícil para José Carlos Pires. Em dezembro ficou desemprega, mas o pior estava ainda para vir nos primeiros dias do novo ano: a mulher faleceu, vítima de doença prolongada. E, da noite para o dia, teve de assumir um duplo papel na vida da filha Raquel Pires: o de pai e mãe.
Fruto deste infortúnio e graças aos seguros de vida, a casa e o carro ficaram pagos, mas a comida na mesa e as outras contas do dia-a-dia continuam a precisar de ser pagas. O que se torna muito complicado com um rendimento mensal muito inferior ao ordenado mínimo nacional.
Rendimento baixo
"Recebo pouco mais de 200 euros com abonos de famílias e essas coisas", conta José Carlos Pires, que inclui nesse valor os 50 e poucos euros a que a filha Raquel tem direito pelo falecimento da mãe. Valor que, afirma este pai, "não chega para alimentar uma criança durante um mês".
"Estamos a passar uma fase difícil, mas isto é passageiro. Lá em cima há uma estrelinha e há-de aparecer qualquer coisa", diz o pai de Raquel, esperançado em encontrar emprego.
Enquanto tal não acontece, José Carlos enaltece a iniciativa conjunta do JN, Pingo Doce e Staples. "Estes vales são uma grande ajuda. Por norma, semanalmente gastamos entre 30 a 40 euros em comida", esclarece o progenitor, avançando que na lista de compras nunca pode faltar "o leite, o pão, os cereais da Raquel, o peixe, a carne, os legumes e a fruta".