Sorriso contagiante e uma excitação enorme. Assim estava Sofia Braga, 7 anos, natural de Vila do Conde, uma das vencedoras da iniciativa "Regresso às Aulas" no dia da visita às loja Staples para fazer compras de 500 euros com o vale que recebeu pelo mérito escolar. Em especial, por saber que este iria ser gasto no tablet com que tanto sonhou.
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Mas o prémio foi também dividido pela irmã mais velha, Sara Braga, de 10 anos. Aliás, só a benjamim da família, Simone, de dois anos, ficou de fora.
"O prémio vai ser utilizado pelas duas irmãs e por mim. E vai ser para comprar aquilo que sei que não lhes poderia dar em termos de tecnologia, tablet"s e material escolar, porque quanto mais eu levar, mais tenho para futuro", explica a mãe de Sofia, Natacha Vieira, 39 anos, divorciada.
Esta oferta da Staples permitiu-lhe dar às filhas um regresso às aulas em pleno. "O prémio significa muito. Em primeiro lugar não tinha possibilidade de fazer estas compras e depois permite-me premiar todo o esforço não só dela como o da irmã e toda a dedicação durante o ano letivo", refere a progenitora, defendendo a importância dos "pais acompanharem o trabalho dos filhos na escola".
"A Sara ajuda-me"
Quanto a Sofia, não poderia estar mais orgulhosa por ter sido uma das selecionadas. "Gosto muito de estudar e é muito divertido andar na escola. A minha disciplina preferida é Estudo do Meio, porque é mais fácil e tem muitas coisas divertidas", diz a jovem, confidenciando que gosta da professora.
O facto da irmã mais velha ser também excelente aluna, é uma mais-valia. "A Sara ajuda-me a fazer os trabalhos de casa, pois sabe explicar bem. Ela também queria entrar no concurso e esforçou-se. Só que não conseguiu, pois só me escolheram a mim", explica a estudante, que sonha vir a ser médica.
"Tento minimizar, mas elas estão cientes da realidade"
A precária situação económica de Natacha Vieira, mãe de Sofia Braga, foi a principal razão que a levou a candidatar-se à iniciativa "Regresso às Aulas". "Dependemos de um subsídio e do abono de família. São os únicos rendimentos que temos e que servem apenas para pagar as contas básicas do dia-a-dia. A nível alimentar tenho ajudas da Santa Casa de Misericórdia de Vila de Conde", explica esta mãe. Apesar de ter uma licenciatura em Direito, Natacha nunca exerceu a profissão, pois não fez o exame da ordem por falta de recursos, tendo, no entretanto, dado explicações num centro de estudos, algo de que gostava bastante.
"Tenho tido muita ajuda"
"Tento minimizar, mas elas estão cientes da realidade e que há outros meninos que estão numa situação melhor", esclarece a mãe de Sofia, ressalvando: "É difícil, mas tenho tido muita ajuda e o básico temos conseguido sempre. Para serem felizes não precisam de muito, só precisam do básico. Acho que são felizes e compreendem".
Com três crianças em fase de crescimento, Natacha diz que os vales do Pingo Doce serão "bastante úteis". "Vai ser uma grande ajuda, porque vou poder dar-lhes aquilo que mais precisam", avança a progenitora, que face aos rendimentos auferidos, não tem um orçamento fixo, pois "só pontualmente" faz compras no supermercado.
Quando ao prémio, deixa claro que será essencialmente para adquirir coisas para as três filhas. "Iogurtes, leite, cereais, papas, para o pequeno-almoço e lanche, e outros produtos para elas", remata.