Desde que soube que era um dos vencedores da iniciativa Regresso às Aulas que Tiago Oliveira, de 8 anos, de Viana do Castelo, aguardava a visita à loja Staples. Com o vale de 500 euros poderá dar início ao novo ano letivo não só com a mochila nova que tanto queria, mas também com muito material escolar para ele e para os dois irmãos, Pedro de 19 anos (12.º ano) e Beatriz, de 14 (9.º ano).
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"Com três filhos não podemos escolher mochilas de qualidade muito boa, temos de ir às mais baratas", diz o pai, Olímpio Oliveira, 46 anos, que a meio do ano teve de comprar outra. "Num primeiro momento não podemos ir pela qualidade e sim pelo preço", continuou.
Por essa razão, enaltece a iniciativa do JN de premiar a excelência escolar. "É uma ótima ajuda e devia abranger mais pessoas. Quando multiplicamos as despesas pelos três é um valor muito alto. Dada a situação que passamos, pior ainda", anota Olímpio Oliveira, que, tal como o a mulher, Vitória, 37 anos, está desempregado.
"O mais refinado"
Sobre o desempenho escolar do caçula, Olímpio não poderia estar mais orgulhoso. "São todos bons alunos, mas o Tiago será o mais refinado. Será aquele Porto vintage", explica.
Mas não se pense que o petiz passa os dias com a cabeça enfiada nos livros. "A maior parte das vezes só preciso de estudar cinco minutos. O professor diz que sou muito rápido", conta o jovem, que nos tempos livres gosta de "ir à net e ao facebook e fazer bodyboard".
Embora o mundo das tecnologias o fascine, quando for grande, Tiago pensa seguir outra via. "Quero ser advogado, porque gosto de defender as pessoas e porque gosto muito de ter dinheiro". E até já faz contratos com os familiares. "Escrevo o texto que quero, ponho a minha assinatura e da outra pessoa, e no final coloco se sim ou se não", explica Tiago, finalizando: "O meu sonho é ser o maior na minha área".
Mais do que um lanche por dia
Ao fazer as contas por alto de quanto gasta por mês em alimentação, Vitória Costa, de 37 anos, mãe de Tiago, aponta para os 600 euros, por isso os vales de compras Pingo Doce foram recebidos com grande satisfação, tanto mais que 90% do orçamento familiar para a alimentação é gasto nas lojas da Jerónimo Martins.
"É muita gente. São três crianças em idade escolar e a nossa casa é o local onde se encontram com os amigos. Isto quer dizer que tenho de dar de lanchar", explica Vitória, continuando: "Além disso, o meu filho leva mais do que um lanche para a escola, porque acho que vai haver sempre alguém que vai ficar a olhar e, se isso acontecer, digo-lhe para dividir".
"Não são muitas coisinhas. É um pão, umas bolachas, mas que chega ao final do mês e é mais dinheiro que se gasta", diz a mãe de Tiago, mostrando-se "irritada" por haver "muita gente a ir para a escola sem lanches".
Técnicas para poupar
Com o marido, Olímpio, a servir de máquina de calcular na hora de ir às compras, Vitória não ultrapassa o valor estipulado e até tem algumas técnicas para poupar. "Só faço as compras que quero, só alinho em promoções se preciso delas. Tento vir nos horários que tem menos gente. Assim, como cozinheira, tenho mais tempo para ver os rótulos. E tento que seja saudável e o mais económico possível", referiu a progenitora, que aposta essencialmente nos produtos marca branca do Pingo Doce, explicando porquê: "Têm uma relativa qualidade e nunca me deixaram ficar mal".