Os iogurtes deixaram de ter prazo de validade em Espanha. Em época de crise, o Governo do país vizinho começou a dar passos no sentido de evitar que se desperdicem 7,7 milhões de toneladas de alimentos.
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E começou por suprimir a indicação de "consumir até...." dos iogurtes para "consumir de preferência antes de....". Peritos em segurança alimentar garantem que os consumidores não correm qualquer risco ao comerem iogurtes para além da data fixada na embalagem.
Até aqui, em Espanha - tal como ainda acontece em Portugal - os iogurtes apresentavam um prazo de validade (a indicação de "consumir até..."), que funcionava para os consumidores como um aviso de proibição do consumo do alimento em questão para além da data especificada.
Contudo, peritos em segurança alimentar garantem não existir qualquer risco para a saúde se os iogurtes forem consumidos além da data referida na embalagem. Por essa razão, e para evitar o desperdício dos iogurtes, passou a ser obrigatório, em Espanha, a substituição de "consumir até..." por "consumir de preferência antes de...".
Alfonso Carrascosa, investigador do Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha disse ao jornal ABC que "a decisão não é arbitrária, tem base científica e não deve alarmar em absoluto. O iogurte é um alimento muito ácido e essa acidez que faz com que o leite coalhe é incompatível com a sobrevivência de qualquer micróbio patogénico que possa causar gastroenterite".
"O que ficou concluído, com base nos indícios científicos existentes e na legislação de outros países vizinhos, é que o iogurte não caduca, desde que não se abra a embalagem e se mantenha a cadeia de frio", assegurou.
"Nunca se deve deitar fora um alimento com data de consumo preferencial", realçou.
Por seu turno, Maria Dolores Selgas, diretora do Departamento de Nutrição, Bromatologia e Tecnologia dos Alimentos da Universidade Complutense de Madrid, disse ao ABC que colocar uma data limite de consumo a um alimento com a acidez do iogurte "não é imprescindível".
"Quando um alimento caduca quer dizer que a partir desse momento os fabricantes não podem garantir a segurança dos alimentos, enquanto que o 'consumo de preferência' indica que a partir da data mencionada pode haver um deterioração sensorial (cor, cheiro, sabor, aparência), mas não implica um risco para a saúde", sublinhou.
Ao contrário do que é habitualmente convencionado, "os ovos tão pouco caducam", disse Alfonso Carrascosa ao ABC. "Não há motivo para os deitar fora depois da data de consumo preferencial. A casca é impenetrável para os micróbios. Se forem comidos cozidos ou fritos, mata-se qualquer risco e na maionese basta juntar uma gotas de limão e submergir previamente o ovo na água com uma gotas de lixívia para aumentar a segurança. Se a casca está partida, então deve deitar-se fora porque pode ter entrado algum micróbio", realçou.
Os investigadores salientaram, ainda, que há mais alimentos que não caducam: as bolachas, as massas, o mel, os derivados de cereais, os legumes, o vinho, o presunto curado, as bebidas com uma graduação superior a 10%, a cerveja, os produtos de padaria ou confeitaria sem cremes, os vinagres, o sal, os açúcares no estado sólido, as pastilhas elásticas e algumas conservas.
