Advogado do ex-inspector da PJ considera que proibir a venda do livro sobre o desaparecimento de Madeleine McCann limitará a "liberdade de expressão”.
Corpo do artigo
Em declarações à Agência Lusa, António Cabrita disse não ter sido ainda notificado da decisão da providência cautelar que proíbe a venda do livro "A Verdade da Mentira" e, por isso, não quis tomar uma posição jurídica sobre o assunto sem falar previamente com o seu cliente, Gonçalo Amaral.
Contudo, observou que, a confirmar-se o teor da decisão, é a "liberdade de expressão" que pode estar a ser limitada, porque o livro sobre o desaparecimento da criança inglesa no Algarve emite uma opinião sobre "determinados factos" que ocorreram.
O advogado de Gonçalo Amaral disse ser "estranho" que, tendo o livro sido publicado há mais de um ano, só agora tenha sido intentada uma providência cautelar para proibir o livro, quando as vendas da obra já "atingiram o seu apogeu".
"Isto como cidadão deixa-me preocupado", comentou António Cabrita, notando também que esta medida surge numa altura em que se falava na possibilidade de tradução da obra e de um eventual interesse de a comercializar no Reino Unido.
"Se isto for verdade, é possível que esta reacção tenha a ver com isso", admitiu o causídico, dizendo, contudo, que "lastima" o que está a suceder.
Entre outras afirmações relacionadas com a proibição do livro sobre a investigação sobre o desaparecimento da menina inglesa, António Cabrita vincou que "não foi a pituitária de Gonçalo Amaral que andou a farejar o odor a cadáver" .
Contactado pela Lusa, Gonçalo Amaral não quis prestar declarações, remetendo todas as questões para o seu advogado.
O Tribunal Cível de Lisboa proibiu a venda do livro "A Verdade da Mentira" sobre o desaparecimento de Madeleine McCann, da autoria do ex-inspector da Polícia Judiciária (PJ) Gonçalo Amaral, e ordenou a retirada dos exemplares disponíveis no mercado.
A decisão resulta de um procedimento cautelar instaurado contra o ex-inspector e as editoras para impedir a continuação da divulgação do livro e do vídeo nele baseado, assim como das teses neles difundidas que apontam para um envolvimentos dos pais no desparecimento da criança.
A acção foi interposta por Kate e Gerry McCann em conjunto com os três filhos, Madeleine, Sean e Amelie, que são representados pela advogada Isabel Duarte.
A menina inglesa Madeleine McCann desapareceu em 03 de Maio de 2007, quando tinha três anos de idade, do quarto de um apartamento num aldeamento turístico na Praia da Luz, concelho de Lagos, onde se encontrava a passar férias com os pais e os dois irmãos.
Os pais foram constituídos arguidos em Setembro de 2007 mas ilibados em Julho de 2008 por falta de provas.