Auditoria às empresas públicas

O Governo mandou auditar as empresas públicas envolvidas no processo "Face Oculta". O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, à margem do debate do Programa de Governo na Assembleia da República, adiantou que o relatório da auditoria, que será feita pela Inspecção Geral das Finanças (IGF), estará pronto em 60 dias. Explicou, ainda, que o seu ministério está a pedir às empresas informações "quanto aos procedimentos que adoptam e têm vindo a adoptar nos processos de contratação".

Até agora, cinco empresas avançaram com auditorias internas para apurar o relacionamento com Manuel Godinho, o principal arguido do processo, detido preventivamente. O BCP abriu um inquérito à conduta do vice-presidente, Armando Vara, que pediu a suspenção do cargo.

A Portucel lançou uma auditoria, depois de se saber que um funcionário teria recebido dinheiro para sobrefacturar o lixo recolhido. O mesmo procedimento foi feito pela Estradas de Portugal, ao tomar conhecimento que a pesagem de resíduos, numa obra em Viseu, teria sido adulterada.

Na Empordef, o inquérito visa saber se o vogal de uma das empresas do grupo, José Contradanças, teria favorecido, em concursos públicos, empresas de Manuel Godinho. A suspeita de envolvimento de quadros da Galp Energia com o empresário de Aveiro levou, igualmente, a empresa a abrir uma investigação.

Teixeira dos Santos não quis comentar a manutenção de José Penedos na presidência da REN - Redes Eléctricas Nacionais (REN). "Não me pronuncio quanto a isso, é uma decisão que compete ao senhor presidente da REN", disse. Mas José Penedos, segundo a Lusa, informou, ontem, através da sua secretária, que "a única coisa que diz é que não se demitiu".

A GNR, por sua vez, garantiu que solicitou informações à Procuradoria-Geral da República (PGR) apesar de, "até este momento", não ter recebido qualquer informação oficial de que algum militar da corporação esteja envolvido no processo "Face Oculta".