O julgamento do processo da Noite Branca centrado no homicídio do segurança Ilídio Correia, que envolve Bruno P. "Pidá" e quatro outros arguidos, começa terça-feira no Palácio da Justiça do Porto.
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A opção por um julgamento fora de São João Novo deve-se à insegurança da envolvente e não tanto do próprio tribunal, já que se trata de uma zona acidentada, de casario denso e ruas estreitas, muito próxima dos locais onde ocorreram os crimes em causa.
O homicídio de Ilídio Correia, junto à Alfândega do Porto, a 500 metros do Tribunal de São João Novo, enquadrou-se numa espiral violenta que marcou a cidade do Porto em 2007 e que se saldou por quatro mortos e vários feridos.
O segurança, de 33 anos, foi morto a tiro na madrugada de 29 de Novembro de 2007, num crime que a equipa especial da procuradora Helena Fazenda imputou a Bruno P. ("Pidá") - alegado líder do grupo de seguranças da Ribeira -, Mauro S., Fernando M. ("Beckham"), Ângelo F. ("Tiné") e Fábio B.
Para o Ministério Público, que se alicerça em escutas telefónicas e testemunhos de irmãos da vítima, os disparos terão sido feitos a partir de uma viatura em que seguiriam os cinco arguidos, todos associados pelas autoridades ao "núcleo duro" dos seguranças da Ribeira.
Ilídio Correia era dado como membro do grupo de seguranças de Miragaia, supostamente liderado por dois dos seus irmãos.
Aos arguidos agora levados a julgamento são ainda imputados cinco a sete tentativas de homicídio.
Deste processo foram também extraídas certidões que resultaram em duas outras acusações. Uma delas relaciona-se com tráfico de droga agravado e vai ser julgada, a partir do dia 14, na quarta vara de São João Novo, tendo como arguidos Bruno P. ("Pidá"), Mauro S., Fernando M. ("Beckam") e Paulo A., todos do Porto, além do madeirense Paulo C.
Uma outra acusação, centrada em "Pidá", relaciona-se com o alegado exercício ilegal de segurança e deverá ser avaliada brevemente nos Juízos Criminais do Porto.
No âmbito do dossier Noite Branca, continuam sem acusação deduzida os dois casos mais mediáticos: o homicídio do empresário Aurélio Palha, dono da discoteca Chic, a 27 de Agosto de 2007, e o assassinato do segurança Alberto Ferreira ("Berto Maluco"), a 10 de Dezembro do mesmo ano.
O primeiro processo resultante da operação Noite Branca chegou às varas criminais em Março deste ano, altura em que aquele tribunal condenou Hugo Rocha pela morte do segurança Nuno Gaiato, na antiga discoteca El Sonero, Porto, a 13 de Julho de 2007.
Já a 11 de Agosto deste ano, Mauro S., um dos arguidos deste conjunto de processos, foi condenado a cinco anos e três meses de cadeia, num caso investigado à margem do processo Noite Branca e relacionado com tráfico de droga.