<p>A Câmara do Sabugal foi uma das que fez negócios com o principal arguido do processo "Face Oculta". Manuel Godinho vendeu-lhe a antiga fábrica de refrigerantes Cristalina, com projecto de arquitectura para um centro de negócios. O investimento, de dois milhões de euros, foi aprovado, em 2003, sem concurso público. </p>
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A investigação "Face Oculta" terá na mira uma dezena de câmaras, mas foi impossível confirmar se a do Sabugal é uma delas. Fonte local disse que foi no início desta década que Godinho comprou a fábrica à Caixa Geral de Depósitos (era credora da falida Cristalina). Em 2003, o município comprou-lhe o imóvel, sob proposta do vereador do PSD, Manuel Rito, eleito presidente em 2005.
A Câmara propunha-se reabilitar o edifício fabril e incentivar o investimento na vila do Souto, mas teve oposição do então vereador do PS, José Bragança. Este considerava o negócio despropositado, alegando que a autarquia era dona de imóveis degradados, que não recuperava por falta de liquidez.
Sobre o negócio do edifício da Cristalina, que ficara hipotecado pela CGD, devido a empréstimos de Godinho, o Tribunal de Contas só questionou a forma de pagamento: 723 mil euros até a obra ficar pronta; o resto ao longo de dez anos, em dez prestações (fixas) anuais 124 mil euros, sem indexação a qualquer taxa de juro ou inflação.
A venda foi feita pela Manuel J. Godinho - Administrações Prediais. Uma sociedade anónima por onde várias empresas de Godinho faziam passar capitais, antes da sua transferência para uma "offshore". O esquema, segundo a PJ, servia para ocultar o património de Godinho. Mas, em 2008, Godinho cedeu os seus créditos do negócio do Sabugal à imobiliária Sonabe - detida por primos do autarca Manuel Rito -, que instruiu a Câmara para passar a creditar as prestações no BCP.
