<p>Foi condenada a quatro anos e quatro meses de prisão a condutora do veículo envolvido no acidente da A23, ocorrido a 5 de Novembro de 2007 e que provocou a morte a 17 pessoas. O tribunal decidiu suspender a pena.</p>
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Foi cabisbaixa e emocionada que Carina Rodrigo ouviu a decisão do tribunal colectivo de Castelo Branco. Uma condenação que "não é uma penalização" assegurou a juíza-presidente do colectivo, frisando que "no meio disto são de lamentar as vítimas".
"O que lhe aconteceu poderia ter acontecido a qualquer um de nós" frisou Augusta Palma, lembrando que "todos andamos na estrada". A juíza não esqueceu os traumas sofridos por Carina - várias vezes mencionados no acórdão - e desejou que a condutora "continue a ultrapassar isto da melhor forma".
O acidente ocorreu por volta das 19.30 horas, na A23, muito perto do nó de saída para o IP2. Resultou do embate entre um automóvel conduzido por Carina Rodrigo e o autocarro da Câmara de Castelo Branco, onde seguia o motorista Fernando Serra.
De acordo com a decisão do tribunal, ontem conhecida, Carina foi condenada em cinco meses de prisão por cada um dos 17 crimes de homicídio por negligência, ao que acrescem 14 meses de prisão por seis crimes de ofensas à integridade física.
A pena única ficou estipulada em quatro anos e quatro meses de prisão, suspensa por igual período. Fica também inibida de conduzir durante 10 meses.
O condutor do autocarro que transportava os alunos da Universidade Sénior, Fernando Serra, foi absolvido dos crimes de que vinha acusado: 17 de homicídio por negligência e seis por ofensas à integridade física. "Em momento algum se entendeu que foi a aproximação do autocarro à linha descontinua que motivou o despiste do veículo ligeiro" alegou a juíza-presidente, Augusta Palma.
Sérgio Marques, advogado de Carina, admitiu recorrer da pena, por considerar que a eventual responsabilidade do motorista do autocarro foi desvalorizada.
Da mesma opinião comungam os advogados das famílias das vítimas. Nuno Almeida Santos defende que a responsabilidade "deveria ter sido repartida" e que sai do tribunal sem saber "o que provocou o despiste do automóvel".
"Não nos movem questões pessoais, mas saímos daqui com um amargo de boca", disse o causídico, frisando que ficou "com a sensação de que não se sabe o que realmente se passou".
Miguel Costa e Silva, outro dos advogados das famílias, também considerou terem ficado por esclarecer as causas do acidente. Admite que "se tivesse resultado uma condenação criminal para ambos, seria mais fácil avançar com a parte indemnizatória".
Já Jerónimo Matias, advogado do motorista, acredita que "se fez justiça".
Sobre a suspensão da pena à condutora, todos os advogados concordaram com a decisão.