Dois condutores estão a ser julgados por 17 crimes de homicídio por negligência
Os dois condutores envolvidos no acidente com um autocarro na A23, que provocou 17 mortes em 2007, vão começar hoje, quinta-feira, a ser julgados por 17 crimes de homicídio por negligência e seis crimes por ofensas à integridade física.
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O julgamento está marcado para as 09:30 no Tribunal de Castelo Branco.
A maioria das 53 testemunhas a ouvir são vítimas do acidente e entre elas estarão ainda técnicos responsáveis pela simulação informática do acidente e elementos das autoridades, informou à Lusa fonte ligada ao processo.
O desastre resultou do embate entre um ligeiro e um autocarro com alunos da Universidade Sénior de Castelo Branco, em Novembro de 2007.
O Ministério Público tinha acusado apenas a condutora do veículo ligeiro de homicídio por negligência por "falta de atenção e cuidado", mas a instrução do processo concluiu que o condutor do autocarro também deve ir a julgamento.
"Espero que se faça justiça: ambos tiveram culpa, a condutora eventualmente com mais responsabilidade", disse à Agência Lusa, João Marcelo, advogado de algumas das vítimas do acidente que se constituíram como assistentes no processo.
Segundo o advogado, "a instrução levou a cabo todos os actos que se exigem, não só os requeridos, como outros, caso da reconstituição do acidente. O colectivo tem todas as provas necessárias" para tomar uma decisão.
"O que há a fazer é aguardar pelo julgamento", refere Sérgio Marques, advogado da condutora envolvida no acidente. Apesar da carga emocional de reavivar o acidente, "é um julgamento normal, como qualquer outro", garante.
Jerónimo Matias, outro dos advogados no processo, em defesa do condutor do autocarro, prefere remeter-se ao silêncio antes do julgamento.
Na sessão de hoje, devem começar por ser ouvidos os arguidos, dando depois lugar aos assistentes que queiram falar, seguindo-se a audição das testemunhas.
Segundo o despacho do juiz de instrução do processo, Jorge Martins, conhecido em Abril, o condutor do pesado invadiu a faixa da esquerda onde a condutora já fazia uma ultrapassagem. Esta última ainda tinha espaço, mas por falta de cuidado e perícia perdeu o controlo do ligeiro e embateu no autocarro, acrescentou.
O juiz justificou ainda o número de crimes de que são acusados com a dimensão do acidente. "Hoje em dia, pequenos actos negligentes podem causar catástrofes".