A PT vai desencadear "mecanismos internos" para apurar "factos relevantes" relacionados com as escutas do processo Face Oculta.
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Em esclarecimentos prestados à Agência Lusa, o presidente e o presidente executivo da Portugal Telecom (PT), respectivamente Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, adiantaram que "face às normas aplicáveis na empresa" entenderam "ser de desencadear os mecanismos internos destinados a apurar os factos relevantes e o cumprimento das disposições legais regulamentares e estatutárias aplicáveis".
Nesse sentido, solicitaram "à Comissão de Auditoria - que é o órgão estatutariamente competente para o fazer - que, em função do que for apurado, tome as decisões que tenha por adequadas no quadro das suas competências".
Questionados sobre se a saída do administrador executivo Rui Pedro Soares foi motivada pelo negócio da TVI, ambos os responsáveis da PT responderam que não.
E corroboraram a versão de Rui Pedro Soares, dizendo que este "renunciou ao cargo de administrador executivo da empresa para poder preparar a sua defesa sem quaisquer constrangimentos e para que a sua presença nos órgãos sociais da PT não pudesse servir para lesar a imagem e a reputação do grupo PT".
Sobre as contrapartidas financeiras auferidas por Rui Pedro Soares com a sua saída da PT, ambos disseram que a empresa "nunca comentou ou transmitiu fora da sede própria - que é a divulgação de informação ao mercado - as condições de remuneração dos seus órgãos sociais, não fazendo qualquer sentido que abra uma excepção no presente caso".
Zeinal Bava e Henrique Granadeiro acrescentaram ainda que "a projetada aquisição pela PT de uma participação relevante na Media Capital enquadrava-se nos objetivos estratégicos da PT, apresentando por isso um racional de negócio próprio, sobre o qual foram dadas as explicações necessárias em momento próprio e que aqui se reiteram".
Numa declaração conjunta emitida quarta feira, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava reconheceram, a propósito da demissão de Rui Pedro Soares, "o empenho e profissionalismo com que o administrador exerceu todas as funções que lhe foram atribuídas no seio do grupo PT".
Granadeiro e Zeinal registaram também "a dignidade da atitude do administrador Rui Pedro Soares, que considerou ser esta a conduta que melhor corresponde ao dever fiduciário de proteger a imagem e a reputação do grupo PT".
Rui Pedro Soares renunciou quarta-feira ao cargo de administrador da PT e, numa carta enviada ao conselho de administração da empresa, garantiu que nunca teve qualquer "comportamento indevido" e que não praticou atos "lesivos dos interesses" da empresa.
Rui Pedro Soares, 36 anos, era administrador executivo da PT desde 2006, tendo iniciado em 2009 um segundo mandato.