O procurador-geral da República (PGR) anunciou ontem que vai reunir hoje com os investigadores do processo Face Oculta para discutir possibilidade de "divulgar" todos os seus despachos sobre o caso.
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"Eu já convoquei uma reunião com os investigadores do processo Face Oculta, reunião essa que vamos ter, para ver até que ponto é possível divulgar-se todos os meus despachos sem prejudicar a investigação nem o segredo de justiça", afirmou Pinto Monteiro, citado pela agência Lusa.
O PGR falava aos jornalistas na Guarda, nas cerimónias comemorativas do 810.º aniversário da cidade e na atribuição do Prémio Eduardo Lourenço 2009 ao penalista Jorge Figueiredo Dias.
Pinto Monteiro esclareceu que "a única razão por que há certidões que não foram divulgadas, contrariamente às especulações jornalísticas, é só porque os despachos e as certidões contêm as transcrições das conversas" dos vários arguidos no processo.
Admitiu que, "se se divulgar os despachos ou as certidões, estão-se a divulgar as conversas e, como o processo que corre em Aveiro considera que as conversas estão abrangidas pelo segredo de justiça, eu não posso divulgá-las".
Segundo o PGR, a reunião irá realizar-se no sábado, a uma hora que não especificou, para que possa "pôr o problema" aos investigadores ligados ao processo "de saber o que é que se pode divulgar sem prejudicar a investigação e sem prejudicar o segredo de justiça".
Pinto Monteiro adiantou que já recebeu na Procuradoria-Geral da República a resposta do presidente do Supremo Tribunal de Justiça relativa às últimas cinco escutas de conversas entre Armando Vara, arguido no processo Face Oculta, e José Sócrates, primeiro-ministro.
"A resposta do Supremo Tribunal de Justiça foi entregue ontem [quinta-feira] às 09:30 da noite", adiantou aos jornalistas, referindo também que a decisão foi entregue numa caixa que "não foi aberta sequer".
"Sei que foi entregue na Procuradoria", adiantou Pinto Monteiro, referindo que ainda não sabe "qual é a decisão do senhor presidente do Supremo".
José Sócrates, apareceu em 11 escutas a Armando Vara . O PGR considerou que em seis dessas escutas "não existiam indícios probatórios que levassem à instauração de procedimento criminal", tendo também o Supremo Tribunal de Justiça decretado a sua nulidade e ordenado a sua destruição.
Nas restantes cinco, o PGR disse sábado passado que também "não existem elementos probatórios que justifiquem a instauração de procedimento criminal" contra José Sócrates, pelo que ordenou o arquivamento dos documentos.