<p>Ainda de acordo com o processo, o futebolista Derlei, actualmente ao serviço de Sporting, foi outro dos assaltados por alegados membros do "gangue da Lapa".</p>
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Um advogado que se assumia como representante legal de um dos 55 membros do "gangue da Lapa" foi assaltado por elementos deste grupo que tem julgamento marcado, a partir de terça-feira, no Porto.
Os autos do processo, consultados pela Lusa, dão conta de que o advogado Carlos Macanjo suspeitava de alguém amigo de um cliente e referem que o causídico fez uma investigação própria junto de jovens que viriam a ser constituídos arguidos, no sentido de poder recuperar alguns dos bens furtados.
Num das chamadas, o advogado identificou, Nuno F., o "Campainhas", que viria a ser constituído como o 38º arguido do processo, como sendo o seu cliente.
A residência de Carlos Macanjo em Matosinhos foi assaltada na noite de 01 para 02 de Maio de 2007 mas, segundo o Ministério Público (MP), os autores do assalto foram outros arguidos: Adriano M., de alcunha "Macaco", Tiago V., o "Tiaguinho de São Gens", Fernando P., o "Nando Lixeiro", e Rui M., o "Skin".
Os quatro - sustenta a acusação - levaram dois plasmas, uma câmara de filmar e outra fotográfica, bem como uma viatura Volkswagen Passat, que foi recuperada.
Ainda de acordo com o processo, o futebolista Vanderlei Fernandes da Silva (Derlei), actualmente ao serviço de Sporting, foi outro dos assaltados por alegados membros do "gangue da Lapa".
De acordo com os autos, uma residência de Derlei em Gaia foi assaltada por três dos 55 arguidos - Pedro F., de alcunha "Campelo", Ricardo, o "Titori", e Tiago C., o "Tiaguinho" - entre a 01:00 e as 09:15 de 30 de Maio de 2007, de onde furtaram um televisor com ecrã plasma e um jipe Mercedes, modelo ML 500.
As escutas do processo indicam que alguns arguidos se dividiram entre a diversão e o pânico, quando souberam que aqueles bens pertenciam a "essa personagem" que "antes jogava na Rússia".
Ao conjunto dos 55 arguidos, dados como envolvidos em pelo menos 125 assaltos, o MP imputa um total de 354 crimes, sendo 58 de roubo agravado, 240 de furto qualificado - quatro deles na forma tentada - 48 de furto simples, cinco por detenção de arma proibida e três por condução sem habilitação legal.
Entre Julho de 2006 e Outubro de 2007, o grupo terá furtado habitações e veículos na zona Norte do País, com destaque para o Grande Porto, alguns dos quais recorrendo ao método de "carjacking", com ameaça de armas de fogo.
Os veículos eram frequentemente utilizados nos assaltos a residências e, não raras vezes, eram posteriormente encontrados abandonados pela PSP.
" data da conclusão da acusação, em Junho do ano passado, nove dos arguidos estavam em prisão preventiva à ordem deste processo e cinco em prisão domiciliária sob vigilância electrónica.
São, na sua maioria jovens desempregados, "que não possuem qualquer fonte de rendimento lícito" e que "decidiram agrupar-se para, de forma reiterada e quase quotidiana, praticarem factos ilícitos contra o património de outras pessoas, subtraindo veículos ou objectos que se encontrem no interior de veículos ou de habitações", segundo o MP.
Têm idades entre 18 e 33 anos e residências repartidas pelas localidades de Águeda, Gaia, Gondomar, Matosinhos, Porto e Trofa.
"Todos os arguidos são amigos, conhecendo-se há bastante tempo e convivendo uns com os outros quase diariamente, quer na cidade do Porto, designadamente na zona da Lapa, quer em cidades limítrofes, o que os levou mesmo a intitularem-se de Lapa Boy´s Gang", descreve a acusação.
Nos assaltos - afirma o MP - os arguidos "actuaram sempre de um modo similar, pelo menos em número de dois, nos mais diversos pontos do norte do país, preferindo zonas tranquilas e a altura em que as famílias se encontravam a dormir no interior das suas habitações".
A acusação diz que quatro dos 55 arguidos - Cláudio G., Márcio C., Pedro F. e Adriano M. - se destacavam no seio do grupo, "quer no número de factos em que participavam, quer na decisão de quando, onde e como actuar".
Só estes quatro arguidos respondem por 103 dos 354 alegados crimes em causa, que foram cometidos entre 03 de Julho de 2006 e 06 de Setembro de 2007.
Para depor no processo foram chamados 210 ofendidos e 237 testemunhas, das quais 152 são agentes de autoridade.
Os suspeitos, que foram detidos nas denominadas "Operação Pegasus", desenvolvidas pela Divisão de Investigação Criminal do Porto, centravam-se nos distritos do Porto, Braga, Aveiro, Viana do Castelo e Viseu, mas quanto a alguns roubos de automóveis pelo método de "carjacking", a PSP apenas tem registo de ocorrências do género nos distritos de Aveiro, Porto e Braga.