O interrogatório do advogado Paulo Penedos, coarguido no processo "Face Oculta", foi retomado, esta sexta-feira, cerca das 9.50 horas, no Tribunal de Aveiro, após ter sido interrompido na quarta-feira.
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Tal como na tarde do dia 16, quando começou a inquirição de Paulo Penedos, o seu pai, o ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais), José Penedos, igualmente arguido no processo, optou por não estar presente na sessão.
Paulo Penedos, que está acusado de um crime de tráfico de influências, continua a ser interrogado pelo juiz presidente do colectivo, Raul Cordeiro, devendo depois responder às questões dos procuradores do Ministério Público e dos advogados dos assistentes no processo e de defesa, incluindo o seu defensor Ricardo Sá Fernandes.
No seu depoimento, na passada quarta-feira, Paulo Penedos negou ter obtido através do seu pai qualquer informação privilegiada que pudesse favorecer as empresas de Manuel Godinho.
Paulo Penedos explicou ao tribunal qual a sua actividade nas empresas de Manuel Godinho, adiantando que muitas vezes a sua intervenção foi de "mero aconselhamento quanto ao bom caminho a seguir" e considerou "ofensivo" dizer-se que a sua mais valia era ser filho de José Penedos.
O advogado rejeitou ainda que os 490 mil e 500 euros, que alegadamente recebeu de Manuel Godinho, entre 2006 e 2009, fossem uma "vantagem patrimonial", como sustenta a acusação.
Segundo o arguido, parte desse valor refere-se a "honorários sobre a prestação de serviços de advogado" e o restante diz respeito a um suposto empréstimo que pediu a Manuel Godinho, numa altura de dificuldade financeira.
Desde 8 de Novembro, quando começou o julgamento, já foram ouvidos o antigo ministro e ex-vice presidente do BCP Armando Vara, o ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais) José Penedos, o ex-quadro da Galp, António Paulo Costa, e o administrador da IDD - Indústria de Desmilitarização e Defesa, José António Contradanças.
O caso 'Face Oculta' está relacionado com uma alegada rede de corrupção que tinha como objectivo o favorecimento de um grupo empresarial de Ovar ligado ao ramo das sucatas nos negócios com empresas do sector empresarial do Estado e privadas.
No banco dos réus estão sentados 36 arguidos (34 pessoas e duas empresas) que respondem por centenas de crimes de burla, branqueamento de capitais, corrupção e tráfico de influências.