O tribunal de Aveiro retomou, esta quarta-feira, às 9.50 horas, o interrogatório ao ex-presidente da REN, Redes Energéticas Nacionais, José Penedos, arguido no processo 'Face Oculta', que tinha sido interrompido na passada sexta-feira.
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José Penedos, que já tinha sido interrogado pelo juiz presidente, Raul Cordeiro, e pelo procurador do Ministério Público, Marques Vidal, encontra-se agora a responder às questões dos advogados de defesa.
Na primeira fase do interrogatório, o antigo secretário de Estado, acusado de dois crimes de corrupção e outros dois de participação económica em negócio, negou ter dado informações privilegiadas ao seu filho Paulo Penedos, igualmente arguido no processo, no sentido de satisfazer os interesses da empresa O2, de Manuel Godinho.
"As informações que poderei ter dado ao meu filho são gerais e não específicas ou privilegiadas. Pode o Tribunal perguntar 20 vezes que vai ter a mesma resposta", afirmou, na altura, José Penedos, dizendo que as declarações de Paulo Penedos eram da responsabilidade do próprio.
Segundo a acusação, o antigo responsável pela empresa que gere as Redes Energéticas Nacionais terá dado preferência às empresas do sucateiro na sua relação com a REN, a troco de vantagens patrimoniais para si e para o seu filho.
Os investigadores sustentam ainda que José Penedos recebeu de Manuel Godinho, entre 2002 e 2007, várias prendas natalícias no valor de mais de cinco mil euros, designadamente "um centro de mesa 'Grand Lagoon', uma fruteira sem asas, uma jarra de prata, uma caneta 'Dupont' e um cantil D. João II".
O processo Face Oculta está relacionado com uma alegada rede de corrupção que tinha como objectivo o favorecimento de um grupo empresarial de Ovar ligado ao ramo das sucatas nos negócios com empresas do sector empresarial do Estado e privadas.
No banco dos réus estão sentados 36 arguidos (34 pessoas e duas empresas) que respondem por centenas de crimes de burla, branqueamento de capitais, corrupção e tráfico de influências.