Milhares de pessoas assistem, esta terça-feira à tarde, ao Grande Corso do Carnaval de Ovar, que, depois do cancelamento do desfile de domingo, continua a contar com precipitação fraca, mas, "abençoado pela chuva", regista "uma enchente" de espetadores.
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Manuel Alves de Oliveira é o presidente da Câmara de Ovar, que assume a organização do evento depois de extinta a Fundação do Carnaval local, e defende que a deceção provocada pelo mau tempo do passado domingo explica que a parada de hoje registe uma adesão "muito maior" do que inicialmente previsto.
"A chuva faz parte da criatividade que gira em torno do Carnaval", defende o autarca. "Obriga-nos a usar de alguma imaginação e o Carnaval molhado também pode ser abençoado".
A reorganização logística e de bilhética motivada pelo cancelamento terá custado à autarquia perdas na ordem dos 20 mil euros, mas Manuel Alves de Oliveira acredita que, estando "praticamente esgotada" a lotação de 4000 lugares nas bancadas, a venda dos bilhetes de peão deverá "atenuar um bocadinho esse prejuízo".
O reembolso dos bilhetes do corso cancelado já foi, aliás, dado por concluído, no que mereceu prioridade a devolução de bilhetes dos visitantes estrangeiros, entre os quais o presidente da Câmara destaca "muitos espanhóis e até alguns noruegueses - o que significa que o Carnaval de Ovar é apreciado por muita gente".
Para o vereador José Américo Sá Pinto, que presidia à extinta Fundação e agora coordena a organização do Entrudo vareiro, só se notou "menos gente"na chamada "Noite Mágica". Essa diminuição na adesão ter-se-á ficado a dever, por um lado, "à chuva e ao frio", mas, por outro, "também foi influenciada pela greve às horas extraordinárias por parte dos funcionários da CP", o que inviabilizou a oferta de comboios com partida e destino de Ovar durante a madrugada.
Ainda assim, cerca de 80 mil foliões terão de segunda para terça festejado o Carnaval no centro da cidade e Zael Rodrigues, que hoje desfila como Fred Flinstone pelo grupo "Os Condores", defende que só há um truque para se resistir ao frio e à chuva: "Copos p'rá frente e mai nada!".
Já Isabel Reis argumenta que o segredo é "muita alegria e dançar sempre". Abria o corso como "baiana em saia de arco-íris" pela escola de samba "Costa de Prata", que este ano celebra 30 anos de atividade, e, fazendo as contas aos 29 anos que leva de experiência como bailarina e costureira, garante que "o segredo é só esse".
Como Teresa Valente, Mário Pereira e a pequena Mariana sabem que vão dançar menos, sentados na bancada a observarem o corso, preferiram recorrer a "fatos de pelo" que lembram pelúcia. Vestem todos de ratinhos cinzentos com barriga cor-de-rosa e vão assistir "ao desfile inteiro, mesmo que não pare de chover"
"Claro que isto tem mais brilho com sol", admite Teresa. "Mas vale sempre a pena assistir porque há fantasias muito giras no desfile", acrescenta o marido, "e o pessoal trabalhou muitos meses nisto, para agora não se vir mostrar".