Ilhas querem limite do aquecimento global fixado em 1,5º e não em 2º C.
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A China ocupa o lugar de charneira nas negociações sobre emissões de gases com efeito de estufa na cimeira do clima. Atacada por emitir muito e querer mais, devolve aos outros o ataque e exige deles mais esforços.
Nem entre os países em vias de desenvolvimento está a ser consensual o que pode ser exigido como apoio e baixa de emissões aos 37 mais ricos do planeta. Ontem, ao quarto dia da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, tornaram-se notórias as diferenças de pretensões dos países mais pobres face às economias emergentes da Índia e da China. Este último país voltou a ser atacado pelos EUA como "o que mais contamina o Mundo", mas o seu delegado em Copenhaga voltou a apontar o dedo aos países industrializados, Europa incluída, dizendo que eles não estão a assumir compromissos para lutar contra o aumento das temperaturas.
A China insiste em que as responsabilidades devem ser partilhadas, de acordo com o historial de emissões e desenvolvimento. E reclama para si a aplicação do critério de emissões baseado no Produto Interno Bruto.
Estudos ontem divulgados apontam para que, com um crescimento de 8% (já ultrapassado em 2005), a China duplique as suas emissões de CO2 em 2020. Um tal crescimento seria equivalente a três ou quatro vezes mais o volume de emissões que a UE e os EUA entretanto se comprometam a baixar.
Os argumentos chineses face aos países desenvolvidos foram ontem também esgrimidos a propósido de uma recusa do Fundo Monetário Internacional em financiar oito projectos para uma economia mais verde.
No meio deste protagonismo asiático nas negociações, o país anfitrião da conferência, a Dinamarca, anunciou o seu reconhecimento oficial da soberania da China sobre o Tibete.
As 43 pequenas nações insulares agrupadas na AOSIS, e que até agora tinham acompanhado as queixas dos outros países em desenvolvimento, estão a autonomizar as reivindicações. Ainda que tenha sido negada qualquer dissensão, países como o Tuvalu passaram a exigir que os emergentes como a China e a Índia também cortem substancialmente as suas emissões. E tudo com um objectivo: a referência para o máximo da subida da temperatura deve passar de 2º C para apenas 1,5º. Este tecto mais exigente tem doda a razão de ser para os países AOSIS (de que Cabo Verde tem a vice-presidência). Por exemplo, Tuvalu, que se dispersa por nove atóis no Pacífico, já tem o seu aeroporto inundado sempre que há maré-cheia e a água borbulha pelo seu escasso território.