A Comarca de Lisboa Norte, em Loures, aderiu quase a 100% à greve dos funcionários judiciais, com os números a rondar os 98%, segundo o Sindicato dos Funcionários Judiciais.
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Em declarações à agência Lusa, no Tribunal de Loures, ao final da manhã, o delegado sindical Jorge Marques mostrou-se satisfeito com os números de adesão à greve, salientando que são "uma forma de demonstração do descontentamento" e que os funcionários se "sentem mal" e são "maltratados".
A Lusa acompanhou o delegado sindical nos tribunais da Comarca de Lisboa Norte, onde este procedeu ao levantamento dos números de adesão à greve, e constatou que os diversos serviços se encontravam ora encerrados, ora a funcionar com requisitados.
Os trabalhadores afetos ao Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) cumprem um dia de greve nacional em protesto contra "a desconsideração" de que foram alvo na nova organização judiciária e para exigirem mais funcionários judiciais.
A greve, que contempla também um dia de paralisação em cada uma das 23 comarcas da reorganização judiciária, foi anunciada no passado dia 4 pelo presidente do SFJ, que considerou "necessário dizer basta" na greve nacional e nas paralisações diárias, que começam a 1 de outubro, nos Açores.
Segundo o delegado sindical, em Loures todas as sentenças e julgamentos "foram adiados, bem como os interrogatórios e sumários".
No DIAP de Loures estava ao final da manhã somente um funcionário a trabalhar, o que reproduz uma adesão de 99%, enquanto o Ministério Público da Família está de portas fechadas, já que o nível de adesão foi de 100%, referiu a fonte.
Já o Tribunal do Trabalho também se encontrava com níveis de adesão de 100%, enquanto na Instância Central Cível 90% dos funcionários aderiram à greve e na Instância Local Cível só se encontrava um funcionário a trabalhar, com este a adiantar à Lusa que foram adiados dois julgamentos.
No Juízo de Instrução Criminal de Loures aderiram à greve 97% dos funcionários, enquanto nas Varas Criminais aderiram 96%, declarou Jorge Marques.
O sindicalista adiantou ainda não ter dados sobre os números no Tribunal do Comércio e no Tribunal de Execução de Loures, que funcionam num outro local físico.
No âmbito da reforma dos tribunais, Loures passou a ser a Comarca de Lisboa Norte, mas sem condições para acolher todas as competências foram instalados "módulos transitórios", (contentores) como lhes chama Ministério da Justiça.
A Lusa constatou no local, acompanhada do sindicalista, a existência de processos acumulados em salas de testemunhas, com Jorge Marques a denunciar que aquele cenário era replicado por várias salas dos tribunais de Loures.
O Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ) não aderiu à greve, por considerar que "não estão reunidas as condições", alegando ainda que está a "ultimar o seu caderno reivindicativo para 2015, a apresentar ao Governo "antes da discussão do Orçamento do Estado".
A reorganização judicial, em vigor desde 1 de setembro, divide o país em 23 comarcas, com sede nas capitais de distrito e nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores.
O novo mapa judicial encerrou 20 tribunais, enquanto 27 outros foram convertidos em secções de proximidade.