O infecciologista Fernando Maltez afirmou que a sida e a tuberculose são as doenças infecciosas que "causam mais preocupação em termos de saúde pública" e que a luta contra ambas não pode abrandar, mesmo em tempo de crise.
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A sida e a tuberculose são algumas das doenças que vão estar em debate nas VIII Jornadas de Actualização em Doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral, organizadas pelo Serviço de Doenças Infecciosas deste hospital, que decorrem na quinta e sexta-feira, na Culturgest, em Lisboa.
Para o médico, "é fundamental manter os compromissos que já existem e não abrandar a luta contra estas duas doenças", numa altura de crise económica.
"Há sempre a possibilidade de, se houver grandes constrangimentos económicos, que isso se venha a traduzir numa grande repercussão social e que a baixa das condições sociais favoreçam o aumento do número de casos de tuberculose", comentou.
Segundo o Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, foram registados 2559 casos de tuberculose em 2010, um número que faz com que Portugal seja o único país da Europa Ocidental que não entra na lista de baixa incidência.
Jaime Pina, pneumologista e membro da Fundação Portuguesa do Pulmão, explicou que "a tuberculose geralmente ocorre em grupos populacionais fragilizados".
"Assim, uma população mais pobre é uma população mais susceptível à patologia. Se esta realidade se vai reflectir no número de casos da doença em Portugal, tal dependerá de vários factores, tais como a duração da presente crise e da capacidade da estrutura social poder ou não compensar o empobrecimento", sublinhou.
Em relação ao vírus da imunodeficiência humana (VIH), Fernando Maltez adiantou que "se teme que possam haver alguns constrangimentos que determinem uma diminuição no acesso à medicação, aos cuidados de saúde, o que pode ter repercussões na doença".
O infecciologista adiantou que se estima que existam 40 mil pessoas infectadas com o VIH em Portugal, enquanto a incidência da tuberculose é de cerca de 22 pessoas por 100 mil habitantes.
No encontro de infecciologia, em que são esperados 700 especialistas, serão discutidos os últimos avanços no diagnóstico e no tratamento e será feito o ponto da situação em Portugal.
Estarão ainda em destaque temas como os transplantes hepáticos em doentes com infecção por VIH, a terapêutica anti-retrovírica, as hepatites B ou C, as doenças do viajante, as doenças infecciosas clássicas ou as emergentes.
Estima-se que quase 10% da população mundial seja portadora crónica de pelo menos um dos vírus que provocam doença hepática: 370 a 400 milhões com o vírus da hepatite B (VHB) e 175 milhões com o vírus da hepatite C.