O patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, tomou hoje posse na Sé Catedral da capital perto do meio-dia apresentando-se como "servidor" da diocese.
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"Queridos cónegos, estou perfeitamente em casa, no meio de vós. Contem muito convosco, contem também comigo", declarou o novo patriarca de Lisboa.
Manuel Clemente sublinhou que mais do que uma tomada de posse a cerimónia simboliza que a igreja de Lisboa iria tomar conta do próprio.
O novo patriarca de Lisboa revelou interesse pela vida clerical aos 13 anos, mas só aos 24 entrou no seminário, tendo sido ordenado presbítero aos 31.
Manuel Clemente nasceu há 64 anos em Torres Vedras, e segundo uma biografia sua, editada na semana passada, quando exerceu as funções de bispo auxiliar de Lisboa, entre 2000 e 2007, o seu nome já "colhia consensos" e "era o mais desejado para todas as dioceses".
Licenciado em História pela Faculdade de Letras de Lisboa, Manuel Clemente doutorou-se em Teologia Histórica em 1992, pela Universidade Católica Portuguesa.
Manuel José Macário do Nascimento Clemente, de seu nome completo, é o 17.º Patriarca de Lisboa e o terceiro de nome Manuel.
Até 1980 Manuel Clemente foi vigário paroquial coadjutor das paróquias de Runa e Torres Vedras e em 1989 foi nomeado cónego da Sé Patriarcal de Lisboa. Em 1997 tornou-se reitor do Seminário Maior dos Olivais.
Em 1999 foi nomeado por João Paulo II bispo auxiliar de Lisboa com título de bispo de Pinhel, tendo escolhido como lema do seu episcopado "In lumine tuo" ("Na tua luz").
Em 2007, Bento XVI nomeou-o bispo do Porto, cargo que exerceu até ser nomeado Patriarca, sucedendo a José Policarpo que passa a viver numa casa de oração, em Sintra.
"À frente da diocese portuense, numa entrevista a uma revista católica, defendeu a necessidade de uma nova evangelização.
"Para atender a esse grande universo de pessoas que vão perdendo a prática ou que nem sequer a tiveram e que vão ficando longe de uma visão e de uma vivência cristão, é preciso aquilo a que se tem chamado a nova evangelização", afirmou.
Em outubro do ano passado foi um dos delegados portugueses ao sínodo para a nova evangelização, que se realizou no Vaticano.
Desde 19 de junho é presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, eleito pelos seus pares, anteriormente ocupava a vice-presidência deste órgão.
Condecorado em 2010 pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, tinha sido distinguido no ano anterior com o Prémio Pessoa.
O júri do prémio realçou, na ocasião, "a sua intervenção cívica" que se tinha "destacado por uma postura humanística de defesa do diálogo e da tolerância, de combate à exclusão e da intervenção social da Igreja".
Em dezembro passado recebeu a Grã-Cruz Pro Piis Meritis, da Ordem Soberana e Militar de Malta.
Manuel Clemente é autor de várias obras, tanto de foro pastoral como teológico e historiográfico, nomeadamente, "Igreja e Sociedade Portuguesa do Liberalismo à República", "Os papas do século XX", "Sínodos em Portugal: um esboço histórico" e "A Igreja no tempo: História breve da Igreja Católica".
"À frente do Patriarcado, Manuel Clemente enfrentará vários desafios, entre eles, "o mais delicado será a reorganização da diocese", afirmam os autores da sua biografia, editada pela Paulus.
Os outros desafios que são a "catequese e os sacramentos da iniciação cristã", a "ação social", "a secularização na diocese", a "formação do clero" e o facto de ser a voz do patriarca de Lisboa "a mais ouvida", muito embora seja a Conferência Episcopal Portuguesa a "voz oficial da Igreja em Portugal" e a referência que é o arcebispo primaz de Braga.