Foram horas de autêntica angústia. Já era perto da meia-noite quando, em Sá, Valpaços, Élio Carriço conseguiu confirmar que o seu tio, Olímpio Carriço, era uma das cinco vítimas mortais do acidente no túnel de Andorra.
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"Fui vendo ao longo do dia e da noite, na Internet, as informações que eram disponibilizadas nalguns sites, mas só perto da meia-noite consegui saber que o tinham descoberto a ele nos escombros!", contou, ontem, ao JN, Élio Carriço, que mal viu a notícia do acidente na televisão, suspeitou que se trataria de um dos seus tios que trabalham em Andorra.
"O meu tio conduzia um camião com grua que levava betão para o túnel. No momento do acidente, andava em cima da obra a espalhar o cimento", explicou. Até ontem à tarde, Élio só tinha comunicado via Internet com o seu primo de 17 anos. Quanto à trasladação do corpo, disse nada saber, até porque o corpo ainda não foi retirado dos escombros.
Olímpio Carriço, de 45 anos, emigrou para Andorra, tal como três dos seus irmãos, há cerca de duas décadas. Vivia com a mulher e um filho. No entanto, vinha sempre a Sá, onde vive a mãe e um irmão, no Natal, na Páscoa e no Verão. "Quase todos os dias" comunicava com a família em Sá pela Internet, através de um programa que permite comunicações grátis de voz e imagem (Skipe). "Ainda na sexta-feira à noite (um dia antes do acidente) tínhamos estado a falar com ele. Às tantas ele disse: 'Vou-me deitar que amanhã tenho que me levantar às 5 horas'. Fiquei com isso gravado", recorda, lembrando que o tio era um "espectáculo". "Era mais que um tio", acrescenta, emocionado.
Na aldeia, o estado de consternação era geral. "Quando morre alguém diz-se sempre que era boa pessoa, mas este era mesmo. Toda a gente gostava dele!", afiançou uma vizinha da mãe de Olímpio.